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Editorial

O crescimento do PIB

 | André Rodrigues/Arquivo Gazeta do Povo
(Foto: André Rodrigues/Arquivo Gazeta do Povo)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o desempenho da economia brasileira e informou que Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,2% no segundo trimestre de 2017 na comparação com o primeiro trimestre do ano, quando o crescimento havia sido de 1%. Embora não seja crescimento expressivo e suficiente para promover rápida saída da recessão que se abateu sobre o país nos últimos anos, os dados do crescimento são positivos por indicar interrupção da longa sequência de queda no nível de produção nacional. Observando os dados de crescimento por trimestre, as taxas positivas de aumento do produto não ocorriam havia oito trimestres, e durante esse tempo a população seguiu aumentando, com visível empobrecimento medido pela renda por habitante.

Um dado bastante positivo nas contas divulgadas pelo IBGE é o aumento de 1,4% no consumo das pessoas no segundo trimestre, por revelar que o ciclo de queda do PIB e do emprego foi estancado. Não se pode dizer que a recessão tenha sido debelada e que o crescimento já se instalou na economia em caráter permanente, mas o indicador de consumo das pessoas permite acreditar que, se nada de muito negativo ocorrer, o Brasil pode entrar 2018 com perspectivas de elevar a taxa de crescimento e sair com consistência da recessão. Algum analista poderá argumentar que parte do aumento do consumo derivou da liberação das contas inativas do FGTS e, logo, não foi por obra de recuperação da produção e do nível de emprego. Embora essa afirmação traga certa dose de verdade, também é verdade que parte da liberação do FGTS foi utilizada para poupar em ativos financeiros de melhor renda ou para pagar dívidas pessoais; portanto, não se pode creditar a essa medida a recuperação do consumo agregado.

Se nada de muito negativo ocorrer, o Brasil pode entrar 2018 com perspectivas de elevar a taxa de crescimento

No conjunto dos bons indicadores não está a recuperação da construção civil, pois esse setor é o que mais depende de decisões de financiamento de longo prazo e de facilidade na obtenção de crédito. O reflexo está no decréscimo do setor industrial comparado com o crescimento do setor de serviços. O setor de serviços representa 70% do PIB brasileiro e é a esperança para puxar a economia para cima, ajudando na recuperação do nível de emprego. Quanto ao gasto público em consumo consolidado – municípios, estados e União –, o resultado foi recuo de 0,9%, contribuindo para refrear o desempenho do consumo nacional. O setor público vem contendo seus gastos em consumo e investimento como resultado da queda na arrecadação tributária e do aumento de gastos com salários e previdência, situação que permite antever que a volta do crescimento nacional esbarrará no velho problema da precária infraestrutura física.

No atual estágio de incorporação de novas tecnologias e inovações no processo produtivo, o crescimento do PIB sofre limitações na geração de empregos, sobretudo porque há extinção de postos de trabalho à medida que a tecnologia vai substituindo o trabalho humano. Nesse sentido, o crescimento do setor de serviços, sobretudo os serviços pessoais, é bem-vindo pelo fato de esse setor fazer uso intensivo de mão de obra. Entretanto, o que vai permitir a recuperação do nível de emprego e fazer o país sair da preocupante taxa de 13,8% de desempregados é o crescimento expressivo do PIB de forma sustentada nos anos futuros. A recessão brasileira a partir de 2013 foi de graves proporções e, considerando que a população ainda continua aumentando, a retomada do nível de emprego e de elevação da renda por habitante está na dependência de que o PIB cresça a taxas expressivas – o ideal seria um crescimento superior a 3% ao ano. Mas isso depende, em boa parte, da reforma política, da reforma da Previdência e de uma reforma tributária.

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