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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

A demanda agregada a ser atendida pelo produto nacional é a soma do consumo das pessoas, consumo do governo, investimento do governo, investimento das empresas, exportações menos importações. Essa composição decorre do chamado “modelo de agregados macroeconômicos”, que analisa o país sob a ótica de quatro entidades econômicas: pessoas, empresas, governo e resto do mundo. À primeira vista, pode parecer que falta, na soma das parcelas da demanda agregada, o consumo das empresas, pois, assim como uma família, uma empresa consome água, energia elétrica, materiais etc. Entretanto, no caso da empresa o uso de bens e serviços não é um consumo por si mesmo; é um insumo necessário para que ela elabore produtos (bens ou serviços); logo, são matérias-primas para sua atividade. Dizendo de outra forma, a empresa destrói riquezas para construir outras riquezas.

Para atender à demanda agregada de um país, o sistema produtivo nacional produz bens e serviços compostos de dois conjuntos: os bens de capital (estradas, pontes, portos, aeroportos, usinas de energia, prédios, máquinas, equipamentos etc.) e os bens e serviços de consumo (alimentos, vestuário, medicamentos, educação, saúde, lazer etc.). A medida mais conhecida de tudo o que o país produz é o Produto Interno Bruto (PIB), assim chamado por se referir à produção dentro do território nacional (por isso, interno) e por ser a soma dos bens e serviços finais produzidos sem considerar o desgaste do estoque de capital utilizado no processo produtivo (por isso, bruto).

Ainda há ociosidade de fatores de produção – natureza, trabalho e capital – como consequência da recessão de 2015 e 2016

A análise do desempenho da economia nacional em determinado ano é geralmente baseada no quanto o PIB aumenta de um ano para outro, pois é a elevação da produção que gera mais empregos, renda, tributos e aumento do bem-estar social médio da população. Entretanto, o aumento do PIB depende diretamente do aumento das parcelas que compõem a demanda agregada, e isso também determina a perspectiva de crescimento nos anos seguintes. Se a demanda é elevada de um ano para outro em função de aumento do consumo das pessoas ou do consumo do governo, o país não expande sua estrutura produtiva, que é a soma da infraestrutura física (rodovias, ferrovias, energia, telecomunicações, portos, aeroportos etc,), mais a infraestrutura empresarial (prédios industrias e comerciais, máquinas, equipamentos, aparelhos, móveis, utensílios etc.) e a infraestrutura social (escolas, hospitais, instituições de assistência, prisões, clubes, parques etc.).

Considerando que a infraestrutura física brasileira é insuficiente, envelhecida, desgastada e tecnologicamente atrasada, é a soma do crescimento dos investimentos das empresas mais o crescimento dos investimentos do governo que cria as condições para a expansão do PIB do ano seguinte, coisa que só não é necessária quando há estrutura produtiva ociosa. Os dados divulgados pelo IBGE sobre o crescimento de 1,1% do PIB em 2018 destacam que os investimentos contribuíram com aumento de 4,1% no ano passado em relação ao valor total de investimentos do ano anterior. A princípio, é uma boa notícia, mas ainda longe da taxa ideal de investimento como porcentual do PIB, que é de 25%. Em 2017, o total de investimentos foi de apenas 15,6% do PIB; com o aumento de 4,1% nos investimentos em 2018 em relação ao valor investido no ano anterior, a taxa de investimento sobre o PIB pode ter chegado a 16,5%. É bom, mas ainda é pouco, principalmente tendo em conta que o PIB total cresceu apenas 1,1%.

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No entanto, ainda que a taxa de investimentos sobre o total do PIB esteja longe do ideal, o país teria condições de crescer por volta de 3% em 2019, porquanto há ociosidade de fatores de produção – natureza, trabalho e capital – como consequência da grave recessão que fez o PIB cair 3,5% duas vezes, em 2015 e 2016, acumulando perto de 7% de queda mesmo diante de aumento da população naqueles dois anos. A meta mais importante para a economia brasileira é o crescimento do PIB, sem o que não se reduzirá o alto desemprego atual, e o sucesso em termos de crescimento depende das expectativas, da confiança dos investidores no país, da superação da crise política, do reequilíbrio das contas do setor estatal, da reforma da Previdência, dos ajustes na estrutura tributária, da estabilidade da moeda e da volta dos investimentos estrangeiros diretos.

Se o país não aprovar as reformas, entre outras medidas necessárias para a redução dos perigosos déficits fiscais nos municípios, nos estados e na União, as consequências recairão sobre a população, em forma de atraso, baixa renda por habitante, desemprego e pobreza. É nisso que os parlamentares devem pensar quando votarem as propostas submetidas ao Poder Legislativo, e não em seus interesses políticos pessoais e imediatos. Se a classe política não evoluir e demonstrar atos de grandeza, o perdedor não será o governante de plantão, mas toda a nação brasileira.

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