A aceitação do nome de sete candidatos presidenciais e a fixação do tempo de propaganda para cada um deles, procedida pelo TSE, assinala mais um passo da campanha eleitoral deste ano. Em paralelo, as pesquisas de opinião indicam a progressiva definição de preferências do eleitorado projetando um segundo turno entre os presidenciáveis mais competitivos, a saber, o presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin. Tais elementos confirmam o vigor da democracia brasileira, que não se abala por desordens de segmentos minoritários de índole criminosa a combater com o rigor da lei.
Não obstante o crescimento da preferência pela senadora Heloísa Helena e as possibilidades do senador Cristovam Buarque ambos respeitados por suas contribuições para o quadro político os 126 milhões de eleitores que irão às urnas ainda contam com três meses para firmar convicção em torno do nome a eleger, conferindo relativo equilíbrio entre os dois candidatos competitivos. Tanto Lula quanto Alckmin se revezam nos aspectos positivos e indesejáveis, com perspectivas igualmente favoráveis para o país, dada a convergência relativa de posições.
Assim, em três anos e meio de mandato o presidente Lula trouxe a estabilidade econômica que se refletiu em renda, emprego e capacidade de consumo para a maioria da população. Embora com baixo crescimento, essa solução assegura para o presidente uma simpatia forte entre as massas, alcançando segmentos médios pela sua capacidade de resistir ao populismo e ao radicalismo, típicos do continente.
O candidato Alckmin, por sua vez, acusa o governo de se promover à base de gastos excessivos e propõe um regime de cinto apertado que, embora razoável sob a ótica administrativa, dificilmente empolgará multidões suficientes para levá-lo à vitória. Nessa linha, o professor Paulo Rabello de Castro lembra a necessidade de um "plano de metas", ambicioso mas capaz de equilibrar o sonho coletivo de crescimento com estabilidade fiscal evolução do projeto político que há meio século consagrou o presidente JK.
Ambos os candidatos principais carregam defeitos passíveis de correção ao longo da campanha que se inicia: o presidente Lula encontra dificuldade para se adaptar à condição de concorrente em igualdade de condições com os demais, reclamando constantemente das "amarras da lei fiscal" que impede a liberação ampla de recursos; das restrições da legislação eleitoral que não permite "ao governo soltar mais dinheiro nesta época", restringe a publicidade oficial etc.
Alckmin, além de pouco conhecido país afora, não se descolou do perfil de político do interior paulista, precisando ganhar o carisma de líderes vencedores na dura arena política. Mas como registrou um jornal britânico felizmente ambos, com seus acertos e defeitos, reforçam a opção histórica dos brasileiros por um desenvolvimento gradual sem rupturas bruscas, que aceita, mas espera um papel ativo nesta era da globalização.
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