No fim de maio, Lula recebeu o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, em Brasília.| Foto: EFE / Andre Coelho
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Em um mundo globalizado, a chance de um país subdesenvolvido conseguir expressivo crescimento econômico e algum sucesso no combate à pobreza depende de políticas públicas e estratégias consideradas boas, eficientes e capazes de alavancar investimentos, negócios, empregos, tecnologias e produtividade. Como é limitada a capacidade interna de poupança nacional, capital financeiro e empreendedores com recursos para bancar investimentos e negócios, a política externa do país exerce papel decisivo no desempenho econômico e nas taxas de crescimento, no mínimo por duas razões.

A primeira razão é a necessidade de o país absorver as tecnologias modernas desenvolvidas no resto do mundo, em face da baixa criação de tecnologia nacional e da velocidade em que surgem tecnologias avançadas em várias partes do mundo. A segunda é o fato de a atualização tecnológica robusta e rápida do parque produtivo local somente ser possível pela importação de máquinas, equipamentos e processos produtivos que só ingressam no país se junto vierem investimentos estrangeiros diretos, aqueles que se instalam em território nacional em forma de empresas estrangeiras.

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Assim, na estruturação da política externa, o país deve se perguntar onde estão os elementos essenciais – empreendedores, capital financeiro, tecnologias, máquinas, equipamentos e empresas multinacionais – com os quais a economia interna precisa contar para caminhar rumo ao crescimento econômico. Não resta dúvida de que uma política externa inteligente é aquela que construa boas relações diplomáticas, comércio bilateral e acordos de transferência de tecnologia com os países que podem oferecer esses fatores ao Brasil. Nações como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Reino Unido, França, Países Baixos, Suécia, Japão, China e Coreia do Sul – entre outros, é claro – são lugares que têm as condições para relacionamento vantajoso ao Brasil e com os quais a diplomacia nacional deveria se relacionar em alto nível de seriedade, confiança, constância, cumprimento de acordos e convergência de regime político e sistema econômico.

Neste primeiro ano do terceiro mandato de Lula como presidente da República, o Brasil já esnobou a OCDE e conseguiu arranhar as relações até com os Estados Unidos, antigo parceiro comercial e maior potência econômica mundial

É de se notar que praticamente todos os países desenvolvidos são estruturados sob economia livre de mercado e democracia política. O direcionamento da política externa brasileira rumo a nações onde estão o capital, a tecnologia e os modernos bens de capital físico não exclui nem impede relações com países pobres e modestos, como é o caso dos falantes da língua portuguesa, desde que isso não se dê em detrimento das relações com as economias desenvolvidas, que não se passe a hostilizar as nações ricas, e que o Brasil não dê a impressão de estar se inclinando para a redução das liberdades econômicas e para o enfraquecimento da democracia.

A diplomacia é um campo de ação e movimentos altamente sensíveis, no qual qualquer sinal na direção errada faz que o país comece a ser visto como ameaça aos pilares da liberdade econômica e das liberdades democráticas. Nessa linha, há duas estratégias que isoladamente são altamente negativas e prejudiciais ao Brasil e, se exercidas simultaneamente, acabam por boicotar seriamente as boas relações externas e prejudicam o progresso brasileiro.

A primeira estratégia errada do governo brasileiro é andar pelo mundo estabelecendo relações íntimas com ditaduras repressoras, violentas, corruptas, atrasadas e marcadas por desrespeito aos direitos humanos; a segunda é dar prioridade a acordos com essas ditaduras, as quais, além do regime político de terror, são nações pobres e atrasadas. Notoriamente, o presidente Lula e seus assessores vêm se dedicando a apoiar e bajular ditaduras repressoras, como Venezuela e Nicarágua; o resultado disso é fazer o Brasil ser malvisto no exterior e rejeitado por líderes das nações desenvolvidas, como Estados Unidos e alguns países da União Europeia.

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Nas gestões petistas anteriores, o Brasil já havia cometido o erro de se afastar dos países desenvolvidos e não participar de importantes acordos internacionais. Neste primeiro ano do terceiro mandato de Lula como presidente da República, o Brasil já esnobou a OCDE e conseguiu arranhar as relações até com os Estados Unidos, antigo parceiro comercial e maior potência econômica mundial, e isso em um momento no qual o Partido Democrata, considerado a esquerda norte-americana, está no governo, com o presidente Joe Biden. Há duas ações que o Brasil deveria desenvolver para acelerar o crescimento econômico e elevar a renda por habitante. Uma é ampliar a atração de investimento estrangeiro direto, e a outra é elevar a importação de tecnologias de ponta, vitais para a modernização da estrutura produtiva nacional.

O desafio brasileiro de aumentar a produtividade média da economia (quantidade de produto por hora de trabalho), elevar a renda por habitante e diminuir as desigualdades requer expansão do estoque de capital, sobretudo a infraestrutura física, incorporação rápida de tecnologias modernas, reformulação do setor secundário (indústria de transformação, que está com produtividade baixa) e criação de um ambiente de confiança e segurança jurídica a fim de atrair investimentos nacionais e estrangeiros. Infelizmente, a política externa não está desempenhando papel favorável e, de certa forma, o governo e o presidente da República não vêm sendo cobrados para evitar que tenham razão aqueles que, anos atrás, afirmaram que o país é um “anão diplomático”.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]