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editorial 1

Paraná na lanterna do Orçamento

Depois de pelo menos oito anos de distanciamento, ensaia-se agora uma tentativa de aproximar o Executivo estadual da bancada federal paranaense. O governador Beto Richa e a grande maioria dos 30 representantes do Paraná no Congresso Nacional reuniram-se na última segunda-feira para fazer o que deveria ser rotina de entendimento entre as duas partes, isso é, buscar uma ação conjunta visando a melhorar a participação do estado no Orçamento da União. Secretários das áreas de Planejamento, Fazenda e Infraestrutura apresentaram aos parlamentares alguns projetos importantes para o estado e que dependem de recursos federais para que possam ser realizados. E esta é a hora de rápida mobilização das forças políticas paranaenses.

Já está em trâmite no Congresso Nacional, desde o último dia 31 de agosto, o projeto da Lei Orçamentária Anual da União (LOA) para 2012, apto a receber emendas parlamentares até o próximo dia 7 de outubro. A proposta do governo federal já contempla o Paraná com recursos da ordem de R$ 720 milhões, dos quais 71% serão aplicados no setor rodoviário. São obras definidas discricionariamente pelo próprio governo federal e de acordo com projetos que considere prioritários – mas não necessariamente coincidem com as que o governo estadual escolheu dentro do seu plano de desenvolvimento. As necessidades e urgências do estado são certamente maiores do que as elencadas pelos ministérios.

Mais do que isso, o valor previsto na LOA-2012 coloca o Paraná na 25.ª posição dentre os 27 estados brasileiros quanto ao dispêndio per capita de recursos federais. Sob esse critério, um paranaense "vale" R$ 68,55, enquanto cabe R$ 132,32 para um catarinense e R$ 172,55 para um gaúcho. A desproporcionalidade no Sul é gritante; maior ainda se comparada com todos os demais entes da Federação: nosso estado perde posição na lanterna apenas para São Paulo, estado que, em tese, por sua riqueza econômica e forte estruturação, menos precisaria de repasses da União. Podemos comparar-nos a São Paulo?

Colocados esses pontos, fica evidente a necessidade de o Paraná se unir para garantir maior e mais justa participação no Orçamento da União. Isso se faz de dois modos principais. O primeiro deles depende do próprio governo estadual, a quem cabe a elaboração de bons, convincentes e viáveis projetos. É o passo mais essencial do processo. O segundo é a atuação política do próprio Executivo e dos deputados e senadores para que, ao longo de sua tramitação no Congresso, a LOA receba e veja aprovadas as emendas de interesse do Paraná.

Não é por outra razão senão a atuação política que quase todos os estados estão, sob este ponto de vista, em situação melhor que o Paraná. Entes federados econômica e demograficamente menos expressivos que o Paraná (5.º lugar no PIB nacional) conseguem, pela via da ação parlamentar, carrear muito mais recursos. Exemplos? Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Maranhão – este figurando nas primeiras posições entre os mais bem contemplados na previsão orçamentária.

Espera-se que, a partir de agora, se republicanas e consistentes tenham sido as demonstrações de boa-vontade registradas na reunião suprapartidária de Richa com os deputados, o Paraná comece a deixar de ser o "patinho feio" do Brasil e passemos a ser considerados pelo tamanho do potencial de desenvolvimento que podemos oferecer ao país. Nada mais justo.

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