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Está nas mãos do Poder Judiciário o afastamento cautelar do presidente da Assembleia Legislativa, Nelson Justus (DEM), e do primeiro-secretário, Alexandre Curi (PMDB), dos respectivos cargos que ocupam na Mesa Diretora do Le­­gis­­lativo Paranaense. Neste momento, o Ju­­diciário tem a oportunidade de desempenhar o papel para o qual foi constitucionalmente instituído e restabelecer a ordem quebrada pela Assembleia Legislativa.

Os atos praticados nas últimas décadas levaram o Legislativo a uma desmoralização sem precedentes. Contratação de parentes sem concurso, de funcionários fantasmas e desvio de recursos públicos num va­­lor que supera facilmente R$ 100 milhões se tornaram corriqueiros na Casa do Povo. Chegou-se ao fundo poço. Não há outro ca­­minho à so­­ciedade paranaense, o que inclui o Poder Judiciário, senão lutarmos contra essa doen­­ça que contamina a vida pública e insiste em permanecer.

Existem motivos mais que suficientes para o Judiciário ordenar a saída de Nelson Justus e Alexandre Curi da direção da Casa. Já há dois meses, denúncias de ilicitudes praticadas por debaixo dos olhos de Justus e Curi são divulgadas pela Gazeta do Povo e pela RPC TV, sem que ocorressem medidas verdadeiramente saneadoras pelos líderes da Casa do Povo. Mesmo após as denúncias, se­­ja pelo descaso, seja pelo sentimento de im­­punidade, isto é, pela coautoria, a lista de irregularidades na Assembleia, comandada pelos dois parlamentares, continuou crescendo. Atos secretos foram editados. Diários Oficiais não vieram a público. Documentos foram adulterados. Aliás, isso não veio à to­­­­na por iniciativa da Direção da Assembleia, co­­mo se esperava que fosse, mas sim por conta do cumprimento do mandado de busca e apreensão concedido pela Justiça a pedido do Ministério Público.

Por tais razões, corretamente, o pedido do Ministério Público de afastamento dos dois parlamentares baseou-se no fato de que, como dirigentes do Poder Legislativo paranaense, Justus e Curi tinham pleno conhecimento dos ilícitos que ocorriam na Casa, sen­­do negligentes na sua administração e facilitando o desvio de recursos públicos. Ao de­­nunciar os dirigentes da Assembleia Le­­gis­­lativa, o Ministério Público reafirmou o pa­­pel de independência e fiscalização dos po­­deres que lhe foi garantido pela Constitui­­ção da República.

Justus e Curi estão sendo denunciados pe­­lo Ministério Público por improbidade ad­­ministrativa, e a permanência deles na direção da Casa ultrapassa qualquer medida de bom senso. Desrespeita a sociedade. É decretar a impunidade. Permite pensar que a igualdade entre políticos e cidadão é uma pe­­ça de ficção. Um conto fantasioso para cri­­anças. Impossível continuarem dirigindo a Assembleia nessas circunstâncias.

Num cenário como esse, afora o sentimen­­to de impunidade e descrédito do Estado, a permanência de Nelson Justus e Alexandre Curi na direção da Assembleia é um convite ao fracasso retumbante de qualquer investigação séria que possa ser realizada.

É preciso agir. O perigo é iminente.

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