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editorial

Planos para o futuro

Há pelo menos três décadas o Paraná patina na área de infraestrutura e logística. Salvo pelas potentes hidrelétricas construídas no passado e pela melhoria das condições de trafegabilidade das suas mais estratégicas rodovias, o estado pouco evoluiu. Continua quase tão carente como há 30 anos em ferrovias, rodovias, portos e aeroportos, uma constatação do Fórum Futuro 10 Paraná que reúne os mais importantes segmentos da economia e é dedicado a identificar projetos prioritários para o desenvolvimento estadual.

Há pelo menos três décadas o Paraná patina na área de infraestrutura e logística

Na última reunião do grupo, 20 entidades que compõem o Fórum discutiram o Plano Estadual de Logística e Transportes do Paraná (Pelp) para o ano de 2035, e estabeleceram as linhas gerais de uma agenda positiva que exigirá da sociedade paranaense intensa e permanente mobilização visando a criação de condições políticas e administrativas necessárias à consecução dos objetivos. O novo plano que resultará destas discussões deverá ser finalizado até julho próximo para subsidiar o poder público com sugestões de obras consideradas prioritárias para o Paraná nas próximas décadas.

Uma primeira observação levantada durante a reunião tornou-se vital para a compreensão do quanto o estado se encontra atrasado em relação às principais demandas: as cerca de 50 obras que as lideranças pretendem incluir no Pelp 2035 são basicamente as mesmas já elencadas no primeiro plano, que tinha como base o ano de 2020. Isto é, quase nenhuma das metas listadas chegou à fase de realização.

Tome-se como exemplo o caso do ramal ferroviário da Ferrovia Norte-Sul, projetado para ligar as regiões produtoras do Mato Grosso do Sul, a partir de Maracaju, ao Porto de Paranaguá. Embora frequentemente referido pelo governo federal como obra prioritária, na prática permanece no fim da fila dos primeiros estudos de viabilidade técnica e econômica. O ramal teria a extensão de 1.100 quilômetros, mas as lideranças do Fórum Futuro 10 já trabalham com a hipótese de execução de apenas alguns trechos.

Outro exemplo é o do aproveitamento do potencial para instalação de novos terminais portuários na Baía de Paranaguá. Embora o porto paranaense tenha sido o primeiro a formalizar e ver aprovado o plano de zoneamento, questões legais e burocráticas ainda impedem o lançamento de processos licitatórios para concessões que garantiriam a expansão e/ou a implantação de importantes estruturas para dinamizar os setores vitais de importação e exportação.

Para concretizar esses projetos, o Paraná precisa da articulação das forças políticas do estado no sentido de destravar os incompreensíveis obstáculos que se antepõem às reivindicações paranaenses no âmbito da União. Outra é o reconhecimento de que os governos – tanto o estadual quanto o federal – não dispõem sozinhos dos recursos necessários para projetos de tal monta, sendo por isso necessário empenho para atrair investidores nacionais e internacionais privados interessados em explorar o potencial econômico dos novos empreendimentos.

Foi-se o tempo em que, como nas décadas de 1970 e 1980, os governos estaduais podiam ainda contar com recursos orçamentários próprios e capacidade de alavancar recursos financeiros para pavimentar e construir cerca de 7 mil quilômetros de rodovias. Ou, ainda antes, quando foram construídos 400 quilômetros da fundamental Ferrovia Central do Paraná, que ligou a produtiva região agrícola do Norte do estado ao Porto de Paranaguá.

A construção e ampliação do Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, também data da década de 1980. De lá para cá, não mereceu a atenção necessária para melhorar suas condições operacionais nem concretizar a construção de sua terceira pista, o que poderia colocá-lo, pela sua localização estratégica no âmbito do Mercosul, como importante instrumento de alavancagem no comércio de mercadorias e de turismo.

Assim, tão importante quanto identificar as prioridades, é a união da classe política em torno dos grandes objetivos do Paraná e a criação de ambiente regulatório atrativo para investidores privados. São estes os dois indispensáveis fatores que poderão recuperar parte do tempo perdido e fazer o estado seguir rumo ao futuro.

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