• Carregando...

A desigualdade social motivou uma série de pronunciamentos e debates no Fórum Econômico Mundial. Como sempre, recheada de boa dose de demagogia, alguns delírios e planos com objetivos mirabolantes. O presidente Lula foi uma das figuras centrais do encontro, não com o interesse, como fez questão de ressaltar de modo quase unânime a imprensa brasileira, que tinha despertado no fórum anterior, quando, em primeiro mandato, debutava em Davos. Havia até gente de pé para ouvi-lo, registraram agora os principais veículos de comunicação.

Deixando isso de lado, posto não ter a menor importância, voltemos ao Brasil e ao que realmente interessa. Qual foi nosso avanço no combate à desigualdade? A pesquisa Miséria, Desigualdade e Estabilidade: O Segundo Real, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que a queda no nível de pobreza entre 2003 e 2005 foi a maior dos últimos dez anos. Os dados indicam, no entanto, que a miséria ainda atingia 28,2% da população brasileira em 2003, quando começa um novo ciclo de queda, chegando a 22,7% em 2005.

O coordenador da pesquisa, Marcelo Néri, chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV, frisava que a queda acumulada no nível de miséria – e registrada nas três últimas Pnads – é equivalente à que ocorreu na época do Plano Real.

Basicamente, segundo ele, se olharmos desde 1993, a miséria brasileira cai de 35% para 28%, com o real. Depois passa por um período de estagnação e, de 2003 para cá, cai de 28% para 22%, uma redução bastante expressiva. Entre 2003 e 2005, a queda acumulada foi de 19,18%, um valor comparável, segundo o estudo, à queda de 18,47% no período de 1993 a 1995.

A redução no nível de pobreza observada no período está ligada a fatores como a retomada da oferta de empregos, a programas de distribuição de renda, do tipo do Bolsa-Família, e a à expansão dos gastos previdenciários. O estudo também apontava diminuição no ritmo de crescimento da pobreza metropolitana. Ao contrário dos anos anteriores, a redução da pobreza nas grandes cidades foi a principal "locomotiva" da retomada dos indicadores sociais. Para o técnico, a partir dos dados da pesquisa, "percebe-se que de 1993 para cá o Brasil já teria completado a Meta do Milênio de reduzir a extrema pobreza à metade". Tal meta, como se sabe, estava prevista para 2015.

Mas o que é preciso fazer para que sejamos o país do futuro? Essa pergunta foi levada a cientistas políticos, historiadores e economistas no Fórum Nacional do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), no Rio, em setembro do ano passado.

Entre as conclusões está a necessidade de se ter um desenvolvimento econômico sem danos sociais. O historiador Boris Fausto, da Universidade de São Paulo (USP), defende o crescimento sustentado, mas é preciso pensar também na qualidade desse crescimento. "Não podemos embarcar num crescimento predatório." O documento final do fórum foi entregue aos candidatos à Presidência da República. Está, portanto, à disposição do presidente reeleito.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]