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Lula discursa na ONU: política externa brasileira tem sido marcada por alinhamento com autocracias.
Lula discursa na Assembleia Geral da ONU, em 24 de setembro.| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

No campo econômico, os principais desafios do Brasil são aumentar a produtividade, o que significa aumentar a produção por hora de trabalho de toda a nação; aumentar a taxa de crescimento de PIB; e conseguir que o crescimento seja constante e regular todos os anos. Essas condições são necessárias para melhorar a renda por habitante e gerar sucesso na redução das desigualdades de renda. Porém, a chance de o país ter êxito no enfrentamento desses desafios depende de haver elevação da taxa de investimentos em relação ao PIB, aumento do investimento estrangeiro direto no país e, simultaneamente, elevação da absorção de tecnologia estrangeira.

Se há um setor da vida brasileira que padece de instabilidade e falta de constância é a política externa. As diretrizes e as ações adotadas pelo Brasil em sua relação com o resto do mundo vêm mudando praticamente a cada troca de governo, principalmente quando o novo governante é de partido diferente daquele de quem está deixando o cargo. Foi assim em 2019, quando Jair Bolsonaro, após ter derrotado o PT, assumiu a presidência da República com um programa liberal que incluía privatização de empresas estatais, redução da burocracia governamental, desregulamentação, abertura internacional e incentivo ao empreendedorismo.

A política externa brasileira tem se caracterizado por ser instável, tortuosa e errada, distanciando-se de nações civilizadas, adiantadas na economia, enquanto busca alinhamento com ditaduras

A partir de 2023, no entanto, Lula deu uma guinada na política externa, começando por retomar as alianças com ditaduras, algumas delas bastante sanguinárias (caso de Irã e Nicarágua), apoiar governos totalitários, defender grupos terroristas (como o Hamas), e, agora que o Mercosul conta com três países sob governos liberais e antiesquerdistas (Argentina, Paraguai e Uruguai), distanciando-se ligeiramente do bloco. O problema é que as relações exteriores do país no âmbito da política afetam imediata e diretamente a economia. Se a tudo isso for agregada a má imagem que o Brasil está passando ao resto do mundo no campo da restrição às liberdades individuais, agressões à Constituição e desrespeito ao devido processo legal, o prejuízo ao país é enorme.

O Brasil tem grande dependência de tecnologias estrangeiras, está atrasado quanto à modernização de seu parque industrial e, também por isso, a produtividade continua baixa e crescendo quase nada. A consequência é baixo crescimento econômico e precário desenvolvimento social. As novas tecnologias estão justamente nos países que o Brasil não priorizou: os Estados Unidos e demais países desenvolvidos do Ocidente.

Talvez como reação psicológica quase automática ao saber que a política externa de seu governo é tortuosa e prejudicial ao país, Lula andou dizendo que seu governo quer manter boas relações com todos os países, citando nominalmente países bem diversos entre si, como Estados Unidos, China, Rússia, Argentina e Venezuela. É um discurso que pode ser visto como uma forma de pragmatismo, uma opção válida de política externa quando estruturada profissionalmente e com lógica. Mas os atos do governo não caminham na direção de nenhum pragmatismo digno do nome. Pragmatismo é um conjunto de medidas que compõem determinada estratégia de ação objetiva baseada nos interesses do país, acima de considerações de natureza doutrinária e do regime de governo do país parceiro. Mas, na prática, a política externa brasileira tem se caracterizado por ser instável, tortuosa e errada, justamente por se distanciar de nações civilizadas, adiantadas na economia, em tecnologia e inovações, ao tempo em que faz acenos amistosos em busca de alinhamento com ditaduras e governos que desrespeitam a democracia e os direitos humanos.

Se quisesse realmente seguir o figurino do pragmatismo responsável, seria útil o governo analisar com atenção a política externa brasileira adotada pelo chanceler Antônio Azeredo da Silveira no governo de Ernesto Geisel (1974-1979). Uma das estratégias daquele pragmatismo era fazer o Brasil aumentar suas exportações independentemente das cores políticas e econômicas dos parceiros internacionais. Porém, a política externa do atual governo é uma confusão marcada por tropeços relacionais e redução do prestígio brasileiro no exterior, com prejuízos nítidos e notórios. A política externa não deveria jamais ser direcionada para servir aos interesses de qualquer doutrina esquerdista, muito menos para satisfazer as ideias e as propostas velhas e superadas professadas pelo PT e seus ideólogos. Quem paga é o povo, sobretudo as camadas mais pobres que veem suas chances de elevar sua renda por habitante serem reduzidas dia a dia.

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