É nas pessoas e na sociedade organizada que reside o grande potencial da mudança de uma sociedade

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Na noite de hoje, serão conhecidos os vencedores do Prêmio Protagonistas, idealizado pela Gazeta do Povo em parceria com o Centro de Ação Voluntária, o INK e o Instituto GRPCom. Em três categorias – voluntários, ONGs e escolas –, os leitores indicaram iniciativas e projetos que ajudam a fazer a diferença em suas comunidades. De um total de 94 inscrições, o público votou em seis pré-selecionados em cada grupo, escolhendo os finalistas, dos quais sairão os vencedores que serão anunciados no Teatro Paiol. O trabalho dessas pessoas e instituições merece destaque; no entanto, mais que reconhecidos, os protagonistas precisam servir de inspiração.

A lista de projetos mostra a ampla gama de possibilidades do protagonismo cidadão: dependentes de álcool em recuperação ajudam a cultivar uma horta que complementa a merenda em um colégio de São José dos Pinhais; uma ONG já colocou no mercado de trabalho 4 mil portadores de deficiência física ou mental; uma rede de 1,4 mil pacientes, familiares e médicos troca informações sobre fibrose cística; um consultor de projetos usou sua experiência para conseguir verbas para uma cooperativa de catadores em Colombo; uma escola criou aulas de ginástica para crianças pequenas e as equipes já conquistaram campeonatos nacionais. Esses são apenas uns poucos exemplos que ajudam a ilustrar o potencial da ação de indivíduos e comunidades.

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Com o Prêmio Protagonistas, a Gazeta do Povo reforça uma visão que nos é muito preciosa: a de que os grandes atores da mudança social são as pessoas, sozinhas ou organizadas. Nossa sociedade será cada vez mais saudável à medida que formos abandonando a noção, cultivada durante décadas, de que a solução de nossos problemas reside única e exclusivamente na ação estatal. Esse tipo de mentalidade reserva às pessoas um papel passivo, que se resume a votar e esperar – ou, no máximo, permitir a elas que façam suas reivindicações, mas negando-lhes a possibilidade de transformar, por conta própria, seu destino e o do local onde vivem.

É nas pessoas e na sociedade organizada que reside o grande potencial da mudança de uma sociedade. As estruturas estatais, nesse cenário, não se tornam irrelevantes – continuam muito necessárias, mas atuando de forma subsidiária, ou seja, como um auxiliar dos cidadãos e dos grupos, ajudando-os quando eles não são capazes de lidar com determinada situação e exercendo as tarefas próprias de sua natureza, aquelas que só o Estado é capaz de realizar. A Gazeta do Povo já destacou muitos outros casos que, se não estão no Prêmio Protagonistas, não deixam de ser exemplos de protagonismo cidadão. Os empresários de Antonina que se uniram para reformar um trapiche, ou os curitibanos que se dedicam a plantar árvores e flores pela cidade estão fazendo aquilo que lhes compete em uma sociedade madura. "Não pergunte o que o seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu país", como disse o presidente norte-americano John Kennedy em seu discurso de posse, em 1961, não é apenas uma frase de efeito, mas uma receita que, se seguida por muitos, ajuda a construir uma grande nação.

As próprias histórias dos finalistas e dos demais participantes do prêmio desmentem a noção de que os protagonistas são uma espécie de "super-heróis da cidadania", como se apenas portadores de condições e talentos extraordinários pudessem ser capazes de levar adiante projetos como os que foram destacados pelo prêmio. Os protagonistas são pessoas como tantas outras, mas que tiveram o mérito de perceber que podiam fazer a diferença em sua comunidade e a força de vontade para colocar uma ideia em prática. Esperamos que cada leitor, olhando os exemplos que fizeram parte do Prêmio Protagonistas, sinta-se impelido a ser igualmente um promotor do desenvolvimento de sua rua, seu bairro, sua cidade.