Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Editorial

Prudência nos gastos

A reunião ministerial desta semana foi importante para reforçar o grau de coordenação entre o presidente da República e seus principais auxiliares, funcionando como uma oportunidade de "afinamento do discurso" dos operadores do poder central. Nela, apesar da preferência de Lula e de alguns titulares pela ampliação de programas sociais, a realidade de um cenário internacional ainda nebuloso permitiu aos ministros da área econômica fazerem prevalecer uma política de rédeas curtas, com ênfase em metas de controle fiscal.

Apesar do apelo representado pela expansão de projetos sociais vinculados ao "Bolsa-Família", apoio aos jovens que estão ingressando no mercado de trabalho e outras demandas generosas, não é hora para gastança e sim para a reafirmação de uma conduta prudente em termos fiscais. Mesmo porque o governo Lula conseguiu executar, nos últimos anos, um programa bem sucedido de inclusão social que amenizou as desigualdades de renda entre as categorias da base e do topo da pirâmide socioeconômica – como demonstrou a última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos anos aumentou o consumo de alimentos básicos, numa evidência de que a melhoria do salário mínimo, as transferências de renda proporcionadas pelo "Bolsa-Família e os benefícios concedidos a idosos e trabalhadores rurais, contribuíram efetivamente para as metas de redução da pobreza extrema. Os ministros dessas áreas sociais, estimulados pela dinâmica do processo de transferências públicas, queriam mais.

No início da reunião ministerial tais acréscimos chegaram a ser anunciados: mais R$ 5 bilhões para o Ministério do Desenvolvimento Social, mais R$ 2 bilhões para ações de saúde no Nordeste e assim por diante. Contudo, na entrevista concedida para um balanço das decisões, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi cauteloso em admitir a ampliação de gastos públicos, posição reafirmada depois na sexta-feira, quando da apresentação do projeto de orçamento da União para 2008. De olho na repercussão externa das políticas fiscais brasileiras, o titular das finanças prometeu empenho para zerar o déficit nominal de 2,8% até o fim do governo. Isto é, apesar de exibir um superávit primário de 4,3% do PIB, no balanço final das colunas de "Deve" e "Haver" o Brasil não consegue fechar as contas, sendo forçado a contrair um déficit final de quase 3% do Produto Interno Bruto. Em outras circunstâncias tal desequilíbrio seria tolerado, mas na atual conjuntura é melhor apresentar um demonstrativo virtuoso para minimizar os riscos de contaminação da crise global.

Tanto que o governo endureceu com as greves do funcionalismo, acena com um projeto de limitação dos acréscimos da folha de pagamento dos servidores e anuncia empenho pela racionalização de gastos. É bom que faça mesmo essa conversão pela prudência fiscal, porque assim a tempestade que se aproxima poderá passar sem um estrago maior.

Além disso, é preciso haver recursos para os investimentos em infra-estrutura. Somados a uma política econômica bem fundamentada, tais investimentos são essenciais para que o Brasil produza mais riquezas e, com isso, reduza o altíssimo índice de dependência que os cidadãos têm de programas que distribuem renda sem proporcionar qualquer avanço pessoal ou profissional.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.