A recuperação da popularidade e da aceitação do nome do presidente Lula como candidato para a reeleição compõe o aspecto mais em evidência deste mês de fevereiro de um ano marcado pela convocação do eleitorado para renovar os cargos mais importantes na União e nos estados. As pesquisas recentes, não obstante, traçam um cenário da atualidade em que o governante em função sobressai naturalmente, por sua constante exposição na mídia e a ausência de candidaturas definidas na oposição.

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A esta altura, as lideranças políticas oposicionistas estão lamentando terem deixado brechas no instituto de reeleição, como o fato de ser permitido ao governante concorrer à reeleição no cargo, situação que pode ser aceitável no modelo parlamentarista em que o presidente tem funções cerimoniais, mas incabível em nosso modelo presidencialista – onde o titular do ramo executivo federal ou nos estados e municípios goza de proeminência passível de enfraquecer os fundamentos republicanos. De toda forma, uma vez definidas as candidaturas, a Justiça Eleitoral tem velado para assegurar condições eqüitativas para todos os postulantes.

Na substância das campanhas em gestação, o governo petista deverá tentar a reeleição reivindicando crédito pela maior redução da desigualdade social da História do país. Como fez segunda-feira, na festa dos 26 anos do PT, Lula também tem insistido em comparar o desempenho de seu governo com o anterior, de Fernando Henrique, para afirmar ter feito mais e por isso possuir o direito de pleitear a reeleição. Não obstante, passada a paixão pela novidade da escolha de um líder operário que subiu a escala social, o presidente se apresenta como líder amadurecido – mais para o conservador, segundo o ex-ministro José Dirceu – e que, à diferença do perfil exibido ultimamente por políticos esquerdistas sul-americanos, operou uma gestão pragmática.

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A dificuldade do presidente está na classe média, que resiste em dar seu apoio a um novo governo petista, apesar de medidas destinadas a atrair esse segmento, como o recente pacote de benefícios para a casa própria. Sensível ao discurso ético, tal setor do eleitorado compõe o núcleo de sustentação da linha oposicionista na aliança nucleada pelo PSDB-PFL, que adiciona à questão da moralidade a promessa de um ritmo de desenvolvimento superior ao obtido na atual gestão.

De fato, o quadro econômico global poderá influir nos rumos da sucessão brasileira: se o ajuste estrutural da economia dos Estados Unidos não seguir o ritmo suave proposto pelo novo presidente da Reserva Federal, os solavancos sacudirão o mundo, podendo afetar o desempenho até agora aceitável das contas brasileiras. Já no ambiente interno, a maioria dos empresários ouvidos em sondagem conjuntural acredita que, apesar de tudo, não há risco de descontrole na orientação de estabilidade econômico-financeira que caracterizou os últimos governos – atestado de nossa maturidade institucional.