Uma exclusiva sondagem de opinião das tendências do curitibano em relação às eleições municipais de 2012, encomendada por este jornal ao Instituto Paraná Pesquisas e publicada no último dia 18, mostrou equilíbrio entre os três principais que se apresentam para disputar a prefeitura da capital. O atual prefeito e candidato à reeleição, Luciano Ducci (PSB), o ex-deputado Gustavo Fruet (PDT) e o deputado federal Ratinho Jr. (PSC) apresentam índices próximos do empate técnico entre si. Entretanto, é bom lembrar, como toda pesquisa do gênero, o levantamento retrata apenas o momento em que foram colhidas as entrevistas e não serve ainda, nem de longe, como prognóstico definitivo quanto ao resultado do pleito. Há uma longa distância temporal, durante a qual o eleitor, racional ou emocionalmente, sedimentará sua preferência. De todo modo, a pesquisa oferece o primeiro parâmetro a prenunciar as lutas futuras que travarão as forças políticas mais proeminentes no Paraná atualmente.
De fato, tais forças apostam na eleição municipal de 2012 (não apenas a de Curitiba, mas também a dos demais grandes colégios eleitorais do estado) como o mais importante fator de definição do quadro sucessório de 2014, quando estarão em jogo as reeleições de Dilma Rousseff para a Presidência da República e de Beto Richa para o governo estadual. Respectivamente, as correntes políticas representadas pelo PT e pelo PSDB se organizam agora com vistas muito mais para construção dos cenários de 2014 que lhes sejam mais favoráveis.
É esse fator que explica a aproximação e a já virtual aliança do PT com o PDT do ex-deputado Gustavo Fruet, um tucano que se notabilizou nacionalmente pela atuação crítica e competente à administração petista. A desfiliação de Fruet do PSDB partido que o preteriu para apoiar a reeleição de Ducci serviu de motivação para a heterodoxa aproximação com o histórico opositor que o PT empreendeu. Tudo para dar maior viabilidade ao projeto petista de, em 2014, eleger a ministra da Casa Civil, senadora Gleisi Hoffmann, para o governo estadual. E, consequentemente, favorecer o desempenho da presidente Dilma em sua corrida pela reeleição.
Em contrapartida a esse movimento das correntes dominantes do PT paranaense, firma-se com vigor ainda maior a aliança do governador Beto Richa com Luciano Ducci, ainda que isso signifique renunciar ao lançamento de um candidato do seu próprio partido, o PSDB, pois perder a eleição na capital coloca em risco a acalentada pretensão de se reeleger governador.
Diante desse quadro, em 2012 a eleição curitibana tende a se polarizar entre seus dois principais contendores fato que tende a valorizar a candidatura do deputado Ratinho Jr. Com a invejável popularidade que goza junto ao eleitorado das camadas mais pobres da população (dos 300 mil votos que o colocaram como o deputado mais votado do Paraná, 100 mil foram obtidos nas regiões periféricas de Curitiba), o parlamentar do PSC vem sendo cobiçado pelos dois lados. Mantenha ou não sua candidatura até o fim e na eventualidade de perder musculatura eleitoral, será de qualquer forma, no primeiro ou no segundo turno, o fiel da balança.
O quadro de disputa acirrada que se avizinha pode se constituir em motivação para que a campanha seja marcada pelo debate respeitoso e criativo de planos e projetos para o futuro da cidade, carente hoje em dia de definição clara de rumos.
