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Editorial 1

Radiografia das estradas

O número de acidentes nas rodovias estaduais e federais que cortam o Paraná cresceu 99% nos últimos dez anos, com um aumento de 43% nos registros de mortes nesse mesmo período. O dado alarmante publicado por esta Gazeta do Povo, na edição de ontem, mostra que é preciso fazer um diagnóstico preciso das causas, mapear os pontos críticos e encontrar soluções para a melhoria da segurança viária, na tentativa de reverter essa curva ascendente.

Um dos fatores para o crescimento nos desastres é o aumento da frota, que entre 2001 e 2011 foi de 114% (de 2,5 milhões para 5,4 milhões de veículos). Um número maior de carros nas estradas eleva o risco de problemas. Mas o que parece mais sério é que as condições das rodovias permaneceram praticamente as mesmas.

O cidadão paranaense, que paga altas tarifas de pedágio, indaga como tal dinheiro não é revertido em melhorias nas estradas. As campeãs em acidentes são aquelas que concentram o maior número de pedágios: a mais violenta é a BR-376, seguida pela BR-277. Em número de mortes, a BR-277 sai na frente.

Além disso, boa parte das estradas que cortam o Paraná ainda é de pista simples, com trechos que dificultam a ultrapassagem. Dos 13,5 mil quilômetros de rodovias pavimentadas, há pista simples em 12.913 e pista dupla em somente 972. Ou seja, uma porcentagem nada desejada. Assim, nesses dez anos, enquanto o número de carros aumentou, a malha viária permaneceu a mesma, sem duplicações ou construções de terceira pista. Foram feitas poucas melhorias e nenhuma ampliação. O esgotamento da capacidade das rodovias gera acidentes, assim como as condições delas, como sinalização e condições de tráfego.

O que precisa ser estudado é até que ponto a "culpa" dos acidentes é da imprudência dos motoristas – e se nesse sentido falta maior fiscalização por parte das polícias rodoviárias – ou se faltam melhorias na condição das estradas. Parece ser um conjunto. Se é impossível fiscalizar todos os pontos críticos, talvez a solução passe pela fiscalização eletrônica. Já sobre as condições das estradas, é preciso cobrar das concessionárias rodoviárias obras de melhorias, assim como planejar obras tanto por parte do governo do estado quanto do governo federal.

O corte orçamentário anunciado pelo governo federal na semana passada prejudicará o Paraná nesse sentido. Foram cortadas emendas parlamentares que previam investimentos em sete rodovias, em várias regiões do estado. Dentre eles, a construção de contornos rodoviários (em Cascavel e Ponta Grossa) e melhorias de trechos nas saídas de Curitiba, União da Vitória, Cambé e São José dos Pinhais. Dinheiro previsto próximo a R$ 110 milhões e que farão muita falta.

Diante do mapeamento do problema, é preciso agir para diminuir a alta velocidade e melhorar as condições de tráfego em pontos críticos. Para isso é necessária a ação conjunta entre polícias rodoviárias e governo do estado, que também devem continuar promovendo campanhas de educação para o trânsito.

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