As chuvas que estão caindo neste inverno, embora incômodas porque são acompanhadas por frentes frias, vão garantir a boa safra do ciclo 2007/08. A previsão é de que sejam colhidos 130 milhões de toneladas de grãos. O Paraná seguirá o ritmo, devendo produzir cerca de 30 milhões de toneladas de soja, milho, trigo e mais bens agrícolas, apoiando a recuperação da agropecuária brasileira – contribuição importante para a melhoria da renda do produtor e garantia de abastecimento alimentar.

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O movimento é uma esperança de que se dê fim à crise que o setor agrícola enfrentou nos dois últimos anos, decorrente de fatores como a estiagem, doenças como a aftosa do gado e, principalmente, o desnivelamento cambial que sobrevalorizou o real. Essas perdas foram tão recorrentes que, pelo segundo ano seguido, os agricultores não tomaram todos os recursos colocados à disposição pelos mecanismos de crédito rural, sobrando perto de R$ 5 bilhões nos guichês dos bancos. Para este ano, a Confederação da Agricultura estima que o valor bruto da produção vai aumentar 13,7%, elevando o PIB do agronegócio para mais de meio trilhão de reais.

A recuperação já se faz notar no faturamento das 20 principais culturas agrícolas, com destaque para milho, algodão, cana-de-açúcar e soja, além da pecuária de leite, aves e bovinos. Enquanto o álcool extraído da cana ganha mercados externos, impulsionado pela demanda dos consumidores em países centrais, o milho também obtém recomposição de preços, devido ao seu uso como fonte de energia nos Estados Unidos e, em menor escala, em outros países.

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Mesmo o setor de carnes, afetado nos últimos anos pelo alastramento da aftosa – inclusive no Paraná – se beneficia de forte retomada, com os exportadores brasileiros superando objeções de "lobbies" interesseiros que nos acusavam de problemas sanitários hoje inexistentes. Para esse novo cenário, contribuíram as medidas colocadas em prática pelo governo federal, notadamente a partir da posse de Reinhold Stephanes como ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Stephanes criou um cinturão de controle da aftosa, instituiu rígida fiscalização no abate e aperfeiçoou o sistema de rastreamento de bovinos.

A agricultura também deve ao novo titular da pasta da Agricultura o esforço para antecipação do plano de financiamento da safra de verão, com a garantia de recursos a juros razoáveis e remanejamento dos débitos pendentes – de forma a permitir ao produtor a tomada de novos financiamentos mesmo com contas em aberto. Pela primeira vez, a divisão dos recursos do crédito rural beneficia, além dos agricultores empresariais e familiares, o segmento de médio porte, que precisa de estímulos para continuar na atividade.

Por fim, entre os problemas no campo, como as invasões de propriedades e as greves de servidores, hoje o mais grave é a elevação muitas vezes injustificável do preço dos fertilizantes e demais insumos, geralmente importados, a mostrar que o Brasil tem o desafio de melhorar a integração da cadeia produtiva antes de ganhar força como competidor mundial no ramo da agricultura.