O crescimento do Brasil neste ano, de 3%, repete o débil desempenho dos últimos anos. Como retornar a uma expansão mais robusta é o desafio para sustentar a criação de emprego, melhoria da renda e consolidação da vitória contra a inflação. Por que o nosso e os demais países do continente crescem pouco? Uma das respostas foi apresentada em estudo do FMI/Banco Mundial, durante o encontro anual encerrado em Cingapura, mostrando como os países da Ásia deixaram a América Latina para trás no último meio século.

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É um alerta para correção de rumos, no momento em que nos preparamos para a formação de um novo governo. No conjunto, os asiáticos adotaram políticas econômicas mais sensatas que geraram investimento e produtividade, enquanto os latino-americanos enfrentaram falta de qualidade nas instituições, baixo coeficiente de abertura do mercado e fraca reação às mudanças de cenário mundial.

Os países da região continuam se orientando por uma estratégia defensiva, apostando no estatismo, fechamento e no confronto com o mundo desenvolvido. De fato, com crescimento médio de 7,5% contra 2,8% da América Latina, a Ásia conseguiu retirar meio bilhão de habitantes da miséria nos 15 anos entre 1990 e 2005. Ainda, a renda per capita nos países da Ásia cresceu sete vezes, reduzindo a distância entre o continente e os Estados Unidos, mas a América Latina experimentou avanço lento que fez a renda cair em comparação com a norte-americana.

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Até agora nossos países se beneficiaram da alta das "commodities", mas a redução da demanda mundial agrava essa dependência, da qual os asiáticos se livraram com expansão industrial e criação de nichos de serviços exportáveis. O novo cenário já afetou a atividade, as exportações e o mercado interno, retraído conforme as últimas estatísticas. Lideranças como o empresário Rodrigo Rocha Loures, presidente da Federação das Indústrias do Paraná, reclamam que não dá para "esperar para crescer", e a ex-diretora do BNDES Lídia Goldstein, indica que "pela primeira vez em décadas, o crescimento econômico – e não a inflação – entrou no centro do debate da sucessão presidencial".

Os observadores alinham outros problemas: baixo investimento decorrente da apreciação do real ante o dólar, incerteza burocrática (além de sua lentidão), a insegurança jurídica e uma legislação trabalhista que engessa a atividade sem proteger realmente o trabalhador. O professor Eduardo Gianeti da Fonseca, do Ibmec, assinala que no Brasil o Estado se apropria de 40% do PIB e devolve apenas 2,5% em investimentos; "um convidado que veio para jantar e ficou para sempre", ironiza Belmiro Castor, especialista em gestão pública.

Murilo Portugal, secretário do Tesouro na gestão anterior, adverte que sem controlar as despesas do governo – que saltaram de 7% para 18% nos últimos anos – a carga tributária não cessará de crescer. Quanto mais cedo enfrentarmos os desafios, mais cedo retornaremos ao crescimento.