Pesquisa publicada no domingo, pela Gazeta do Povo, sobre o comportamento dos motoristas em Curitiba, ajuda a compor o quadro marcado cada vez mais pela irresponsabilidade, a falta de consciência e de urbanidade no trânsito das grandes cidades.
Pelo levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas, os motoboys são apontados como os grandes vilões, responsáveis por manobras e ultrapassagens arriscadas. Em segundo lugar no ranking aparecem os motoristas de ônibus. O objetivo da pesquisa era descobrir qual a avaliação do trânsito e dos motoristas na capital. Ela confirmou a acentuada falta de educação. Na avaliação da coordenadora do Núcleo de Educação e Cidadania da Urbs, Maura Moro, as pessoas se transformam, deixando de lado valores como cuidado, atenção e gentileza. Falta a noção da solidariedade, como ressaltou.
O motorista responsável e consciencioso sabe muito bem disso. Enfrenta as dificuldades em qualquer ponto da cidade, não apenas na área central. E chega a se sentir um cidadão fora da realidade, uma espécie em extinção, principalmente à noite, quando um número cada vez maior de motoristas desobedece à sinalização, fura o sinal vermelho, não respeita praticamente nada, afrontando o Código Brasileiro de Trânsito. Não são poucos os que vivem o desconforto de agir corretamente quando muitos, ao lado, fazem exatamente o contrário.
Os motoristas entre 18 e 27 anos foram apontados pela metade dos pesquisados (50,2%) como os condutores que mais prejudicam o trânsito. "Os mais novos são mais imprudentes, colocam em risco a sua vida e a vida de muitas pessoas", na opinião dos entrevistados.
O número de mortes por acidentes de trânsito aumentou mais de 9% em três anos no país, segundo levantamento do Ministério da Saúde. Em 2005, foram 35.753 casos, contra 32.753 em 2002. Confirma-se assim a reversão da tendência de queda notada a partir de 1998, resultado da entrada em vigor do novo Código Brasileiro de Trânsito. O problema não está restrito às grandes cidades, pois houve um aumento de 72% nas mortes por acidentes de trânsito nos municípios com menos de 100 mil habitantes entre 1990 e 2005 passando de 9.998 para 17.191. Entre os adolescentes, o acidente de trânsito é a segunda principal causa de morte a primeira é o homicídio por conta do consumo excessivo de bebidas alcoólicas, alta velocidade e não-uso do cinto de segurança. Grande parte dos óbitos por acidentes de trânsito deve-se aos atropelamentos de pedestres ou acidentes envolvendo automóveis, embora nos últimos anos tenha ocorrido um aumento no risco de morte por acidentes envolvendo motos. Estudo quantificou os custos dos acidentes de trânsito apenas em áreas urbanas: perdas anuais da ordem de R$ 5,3 bilhões. Os números falam por si mesmos.
Como não bastam campanhas de cunho educativo, cabe às autoridades agir com mais rigor, atuando dia e noite nos pontos de maior incidência de irregularidades. Quem não faz do carro uma arma, agradecerá.