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No melhor do estilo "porque me ufano do meu país", acaba de ser publicado o levantamento Doutores 2010: estudos da demografia da base técnico-científica brasileira. O trabalho tem a chancela do Ministério de Ciência e Tecnologia e traz no bojo mais uma boa notícia no campo da educação: nos últimos 15 anos o Brasil ganhou nada menos do que 87 mil doutores – um crescimento anual na casa dos 12%.

O ganho é indiscutível: os doutores estão mais aptos às pesquisas de fôlego, logo são agentes de desenvolvimento e não se fala mais nisso. Mas, não é de hoje, na surdina uma conversa põe senões a esses índices. Um dos questionamentos é a velocidade com que mestrados e doutorados são concluídos no país, não raro com pesquisas construídas na areia.

Rendida à lógica industrial do mundo corporativo, não poucas universidades têm queimado etapas dos projetos de modo a subir mais rápido na tabela de gráficos e no lastro dos aplausos que provocam. Outro problema é a concentração dos recursos nas próprias universidades, alijando o mercado de trabalho do benefício de ter um doutor em suas fileiras.

Segundo o estudo, de cada dez pesquisadores hipergraduados que o país produz, apenas dois não trabalham na educação. Tem algo errado: o mais se ouve é lamúria sobre a morosidade das instituições educacionais em fazer avançar a pesquisa. De outro lado, a iniciativa privada ainda trata com franca caipirice o assunto, mantendo invisível a figura dos estudiosos em seus quadros. Não à toa, 40% dos doutorados estão na fila do desemprego. Dizem que o assunto pede calma. Talvez peça é briga.

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