Uma longa e penosa espera. É o que está reservado para o eleitorado de Londrina, o segundo maior do estado. As previsões para um desfecho no caso Antonio Belinati são de que a indefinição prosseguirá até o fim de dezembro, mas, igualmente, sujeitas a novos percalços. Mais uma vez, pobre do eleitor que cumpriu a sua parte, tanto os que votaram no candidato impugnado como aqueles que levaram Luiz Carlos Hauly ao segundo turno e que se sentiram frustrados pela derrota na eleição para prefeito, por pouco mais de 9 mil votos.

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Teremos um péssimo fim de ano político e administrativo, e um ano novo com perspectivas igualmente sombrias. Como mostrou a reportagem da Gazeta do Povo de sexta-feira, a pendência jurídica deve durar até a véspera da posse do novo prefeito, oficialmente agendada para o dia 1.° de janeiro. Em caso de uma nova eleição, que custaria algo em torno de R$ 600 mil, ou seja, o dobro do que foi despendido na realização do primeiro e segundo turnos, ela seria realizada em algum mês de 2009. O caminho continuará tortuoso. Com a cassação do registro de candidatura de Belinati, ocorrida na terça-feira, a defesa do deputado estadual entrou com recurso, no mesmo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A se concretizar a avaliação do presidente do Tribunal Regional Eleitoral paranaense, desembargador Jesus Sarrão, o processo deve permanecer no TSE até o dia 19 de novembro, seguindo depois para o Supremo Tribunal Federal (STF). O abacaxi será descascado tão-somente no âmbito da Justiça Eleitoral, faltando, ainda, a apreciação do Supremo. Devido à dimensão do caso, há quem acredite, como o presidente do TRE, que terá rápida tramitação. A defesa do candidato do PP, no entanto, acredita que o recurso será apreciado entre 40 e 50 dias. A primeira iniciativa da defesa, apresentando o embargo de declaração do julgamento no TSE, não pretende uma revisão, mas detalhar o entendimento dos sete juízes que participaram da sessão que deu origem à confusão toda. Cinco votaram a favor da cassação do registro e dois contra. Mas, de prazo em prazo, até para desembarcar com um recurso extraordinário no STF, o prefeito que ganhou mas não levou dependerá de um sim do ministro Ayres Britto, presidente do TSE. Uma longa jornada noite adentro.

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Não precisaria ser assim. Belinati foi cassado porque teve as contas relativas a 1999, quando era prefeito, reprovadas pelo Tribunal de Contas. Reverteu a decisão no próprio TC em maio passado, recebendo sinal verde para registrar a candidatura. O Ministério Público Eleitoral recorreu ao TRE-PR, que cassou a candidatura. A defesa do candidato levou o caso para o TSE, tribunal que falhou fragorosamente ao não analisá-lo com a urgência que pedia a disputa eleitoral na segunda maior cidade do Paraná. Em ato negligente, o TSE deixou para fazer isso às vésperas do segundo turno, para uma decisão posterior à eleição. A falta de transparência de um candidato com a prestação de contas públicas em mandato anterior exigia uma agilidade de decisão que a Justiça Eleitoral não foi capaz de oferecer.

Durante a campanha eleitoral, pesquisa divulgada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) mostrava que 72% dos entrevistados não confiavam nos partidos e nos políticos. Certamente, de lá para cá, as coisas não devem ter mudado muito. Ou, se mudaram, só pode ter sido para pior. Até a conclusão do segundo turno pipocaram mais episódios para desabonar o comportamento da classe política. E, com o caso de Londrina, sobram críticas também para a Justiça, dando-se robustez à idéia de que tanto a comum como a eleitoral pecam principalmente por não agir com rapidez que determinados casos exigem. Resta à população de Londrina amargar a incerteza causada por uma eleição que teima em não acabar.