Falar de política no Brasil dissociada de corrupção é tarefa das mais ingratas, tal o envolvimento promíscuo que se cristalizou entre uma e outra ao longo de décadas. Uma relação parasitária que parece ter objetivo fixo: dilapidar o patrimônio público. O ano de 2011 foi pródigo em maus exemplos de gestores flagrados com a mão na massa, a ponto de tornar a presidente Dilma Rousseff uma recordista na demissão de ministros em razão de negociatas. As denúncias e evidências de falcatruas levaram ao afastamento de Antonio Palocci (Casa Civil); Pedro Novais (Turismo); Wagner Rossi (Agricultura); Alfredo Nascimento (Transportes); Orlando Silva (Esporte) e Carlos Lupi (Trabalho). A perda do cargo, entretanto, parece ser a única punição para os defenestrados, já que nenhum deles até agora foi processado por corrupção ou improbidade administrativa. Inquéritos e investigações envolvendo os seis ex-ministros é bem verdade estão se desenrolando, muito embora poucos acreditem que haverá algum tipo de responsabilização pelas malfeitorias cometidas. Mesma dúvida que cerca o julgamento dos envolvidos no escândalo do mensalão, tomando-se por base o histórico da política brasileira de garantir imunidade aos apaniguados que por ventura tenham seus deslizes expostos.
Editorial 2