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Teremos eleição neste ano, fator que faz subir a adrenalina dos políticos que pretendem manter suas cadeiras. Talvez seja esta a razão principal para que os deputados estaduais do Paraná, em sua maioria candidatos à reeleição, tenham duplicado seus gastos com a produção de material de divulgação já no primeiro mês de 2014. Em comparação com o mesmo mês de 2013 (ano sem eleições), os parlamentares empregaram verbas de seus gabinetes (dinheiro público, portanto) em volume 133% maior para imprimir panfletos e outros materiais informativos, como mostrou a reportagem que gerou a manchete da Gazeta do Povo de segunda-feira passada.

O consumo de combustíveis também subiu muito acima da média em janeiro último. Cada deputado abasteceu seus carros com bem mais de mil litros de gasolina durante o mês, ao custo de R$ 3,7 mil. Esse dinheiro também não saiu do bolso deles: bastou-lhes apresentar notas dos postos que abasteceram os veículos para fazerem uso das tais "verbas de ressarcimento" que o Orçamento da Assembleia destina aos gabinetes.

Há um detalhe que não pode passar despercebido: janeiro era mês de recesso parlamentar; isso é, a Assembleia mal abriu suas portas, quer para sessões, quer para a rotina dos trabalhos internos. Assim, tanto as despesas com propaganda pessoal quanto com viagens que poderiam ser consideradas "de trabalho" perdem sentido. Mais sentido faz imaginar que os senhores deputados aproveitaram o recesso – e as verbas – em atividades já pensando na própria reeleição.

Trata-se de uma situação constrangedora, porém não incomum num país cujos parlamentos não primam pelo bom uso de verbas públicas. Até aparentam normalidade os gastos da Assembleia com propaganda e viagens de seus deputados quando comparados, por exemplo, com a recente descoberta de que o Senado paga despesas médicas e odontológicas até mesmo para cassados. Caso do ex-senador goiano Demóstenes Torres – protagonista de rumoroso envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira –, que apresentou conta de R$ 6 mil relativa a tratamento dentário. Ou, ainda, o caso do presidente do Senado, Renan Calheiros, que pega jatinho da FAB para levá-lo a uma sessão de implante capilar.

Vistos e revistos esses casos de desvio (de natureza leve, se consideradas maracutaias bem maiores que se perpetram cotidianamente), há ainda quem defenda o financiamento público das campanhas eleitorais. Isso é, além do que costumeiramente já gastam "normalmente" em campanhas pessoais, e que enquadram como ressarcimento de despesas de atividades próprias do mandato parlamentar, quer-se destinar ainda mais alguns generosos nacos orçamentários para financiar partidos e candidatos.

É importante que o Poder Legislativo seja respeitado e que funcione livremente. Ele é um dos sustentáculos da democracia. É igualmente relevante que os parlamentares prestem contas de seus mandatos. Esses dois fatos até justificariam os gastos que fazem, especialmente em viagens às suas bases eleitorais e em material de divulgação, se a sociedade realmente pudesse reconhecer a existência de uma contrapartida sólida entre os impostos que recolhe e os frutos reais do trabalho de cada um dos parlamentares que elegeu.

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