O funcionalismo público tem estado no centro das atenções neste momento em que o governo conta todas as moedas para conseguir cumprir uma meta fiscal que, por si só, já é desastrosa – um déficit primário de R$ 139 bilhões – e muito provavelmente será revisada para algo ainda pior. Trata-se de uma categoria que já está imune ao grande mal do desemprego, mas que mesmo assim tem reivindicado reajustes com sucesso, até devido a seu grande grau de mobilização.
Mas, dentro desse grupo de servidores do Estado, pagos com os recursos do cidadão brasileiro, existe uma casta especialíssima: aquela que tem o poder para aumentar os próprios salários, em vez de precisar barganhar ou pressionar o Executivo ou o Legislativo. É o caso dos membros do Ministério Público Federal (MPF), que pretendiam reajustar os próprios vencimentos em 16,38% para 2018. Uma reunião extraordinária do Conselho Nacional do Ministério Público, no entanto, decidiu recuar da solicitação.
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Não foi uma decisão movida por puro altruísmo. Ocorre que os ministros do Supremo Tribunal Federal resolveram não aumentar seus salários em 2018, e uma consequência dessa atitude foi inviabilizar o pleito dos procuradores, pois o salário de R$ 39,7 mil que eles pretendiam estaria acima dos vencimentos dos ministros do STF, o que é proibido. De quebra, o STF ainda evitou o efeito cascata que ocorre em todo o país sempre que os salários dos ministros são reajustados. Um sinal de bom senso no país do “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
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