O presidente interino, Michel Temer, fechou o quadro da equipe técnica cuja tarefa será a de estabelecer medidas de impacto econômico, a fim de retirar o Brasil da profunda crise em que o Partidos dos Trabalhadores colocou o país. As dificuldades são tantas e de tal magnitude que os dirigentes da Petrobras, de instituições financeiras estatais e do Ministério da Fazenda precisarão ter muita visão estratégica e muita dedicação para reconduzir o país para a retomada do crescimento.
Ao nomear profissionais de alto nível técnico e com grande experiência de mercado, Temer e Henrique Meirelles fortalecem áreas que vinham sendo instrumentalizadas para fins político-partidários pelo PT ou, como no caso da estatal de petróleo, se tornaram alvo de desvios de recursos. As nomeações, a bem da verdade, trazem pelo menos um alento de esperança. Especialmente quando se compara com o restante do governo, que possui alguns de seus integrantes investigados na Operação Lava Jato, e que precisou, em menos de 20 dias de existência, fazer a substituição de dois ministros por causa de conversas suspeitas.
O desafio agora é apresentar no menor tempo possível um projeto consistente de transformação e ajuste econômico, além de realizar a reestruturação operacional da Petrobras e de instituições financeiras estatais. Nesse sentido, importante mensagem foi dada na semana passada pelos três novos dirigentes de bancos públicos, Maria Sílvia Bastos Marques (BNDES), Paulo Caffarelli (Banco do Brasil) e Gilberto Occhi (Caixa Econômica Federal). Durante a cerimônia de posse, declararam que vão trabalhar de forma coordenada, com o objetivo de implantar medidas de estímulo à economia.
Com larga experiência de gestão no setor público e privado, Maria Sílvia tem a competência necessária para rever as políticas adotadas pelo banco na gestão petista e para conduzir as vendas de ativos do BNDES, algo essencial em um momento de rigorosa restrição fiscal. E na Caixa, Occhi precisa fazer uma gestão prudente para conseguir reconquistar a confiança do mercado. Embora ainda não tenha sido sabatinado, a escolha de Ilan Goldfajn para o Banco Central, um economista com vasta experiência acadêmica e de mercado, é considerada bastante acertada.
Entre os recém-empossados, o novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, é o que tem os maiores obstáculos pela frente. A empresa encontra-se bastante endividada. Sofreu sangria bilionária no amplo esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Viu-se indevidamente usada como instrumento do governo para conter a inflação por tempo demais, com preços de combustíveis congelados, causando sérios problemas de caixa. O presidente anterior, Aldemir Bendine, apenas iniciou o saneamento da estatal. Para recuperar a Petrobras, Pedro Parente terá de executar um plano de venda de ativos de cerca de US$ 14 bilhões e reestruturar a empresa.
Como se vê, naquilo que é essencialmente técnico o governo de Michel Temer recrutou um quadro de notáveis. Chega a chamar a atenção porque contrasta bastante com o ministério formado pelo presidente – alguns dos seus escolhidos já ganharam notoriedade pelo envolvimento em escândalos. Por suas escolhas técnicas Temer merece um voto de confiança. Compreende-se que este não é um governo dos sonhos, mas, dentro do possível, as nomeações feitas na área técnica tendem a conduzir o país para um cenário melhor.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas