Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
editorial

Um novo rebaixamento a caminho?

Há tempos o Brasil não é brindado com notícias positivas de relevância para a expansão da economia e o desempenho da produção, emprego e renda. A tônica do país tem sido um desfile de indicadores ruins, e mais uma má notícia foi anunciada na quarta-feira passada, dia 9. A agência de classificação de risco Moody’s colocou a nota de crédito do Brasil em revisão para possivelmente ser rebaixada. Caso se confirme o rebaixamento, o Brasil pode perder o grau de investimento.

Em setembro, a nota de crédito do país foi rebaixada pela agência Standard & Poor’s (S&P) e o Brasil perdeu o status de bom pagador. Na sequência, a S&P rebaixou a nota de mais de 80 empresas e instituições financeiras brasileiras, levando essas organizações a terem mais dificuldade na obtenção de financiamento no exterior e terem de arcar com taxas de juros maiores nos empréstimos obtidos. A mesma situação vale para o setor público brasileiro, sobretudo porque vários fundos de pensão e fundos de investimento são proibidos de aplicar seu dinheiro em ativos financeiros de países classificados como “grau especulativo”.

A possibilidade de a recessão transformar-se em depressão ao fim do ano que vem não é desprezível

O Brasil ainda não sofreu rebaixamento geral por todas as agências estrangeiras de classificação de risco. Duas agências importantes – a Fitch e a Moody’s – estão mantendo o país com nota equivalente a grau de investimento e, por isso, o impacto negativo até agora foi limitado. Porém, como as notícias ruins na economia e na política seguem acontecendo em larga escala, essas duas outras agências podem acabar rebaixando do Brasil, com consequências de alta gravidade para a economia brasileira, caso isso ocorra.

A Moody’s, no comunicado em que explicava por que a nota brasileira passou a ter perspectiva negativa, afirmou que “a situação política tornou-se cada vez mais complicada”, destacou a ameaça de impeachment da presidente Dilma Rousseff e lembrou que o problemático cenário político cria dificuldade para aprovação das medidas de ajuste fiscal.

A meta de superávit primário de 2016 ainda é incerta, e a situação financeira do governo é tão ruim que a dívida pública ameaça explodir e sair do controle, o que criaria uma situação muito grave para a economia brasileira, com o efeito imediato de, entre outros, isolar o país em relação ao fluxo de capitais internacionais.

Um fato econômico grave, quando ocorre, deveria atuar como estopim para provocar mudança na agenda nacional e levar os políticos no parlamento e no governo a parar tudo a fim de negociar um grande acordo capaz de frear a derrocada econômica do país. O Brasil está em recessão profunda – como se nota pela queda prevista de 4% no PIB de 2015 em relação ao ano anterior –, o desemprego está crescendo aceleradamente e a nação está empobrecendo com rapidez. A possibilidade de a recessão transformar-se em depressão econômica ao fim do ano que vem não é desprezível, coisa que, se acontecer, poderá ser devastadora em termos sociais.

No Brasil, cuja renda por habitante está na faixa dos US$ 11 mil ao ano, eventual depressão econômica teria o poder de agravar de forma dramática o quadro de pobreza e deterioração social no campo do desemprego e da violência urbana. Por tudo isso, mais um rebaixamento de nota de crédito por importante agência de classificação de risco tem potencial explosivo de piorar as coisas.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.