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O deputado Arlindo Chinaglia foi eleito o novo vice-presidente da Câmara Federal. Histórico petista com base eleitoral em São Paulo, ex-presidente e atualmente líder do governo na Casa, ele passa a ocupar o cargo que pertencia ao deputado André Vargas, que renunciou à posição depois de se embaralhar nas traquitanas de lavagem e tráfico de influência do doleiro Alberto Youssef, que lhe prometia "independência financeira", conforme amplamente divulgado. Vargas ainda é deputado, mas pode perder o mandato após o processo de quebra do decoro parlamentar que lhe move a Comissão de Ética da Câmara.

A vice-presidência da Câmara, obedecida a proporcionalidade das bancadas, pertence ao PT. Daí a candidatura única de Chinaglia, anteriormente escolhido pelo PT dentre os três correligionários que se apresentaram para a disputa. Na votação secreta realizada pelo plenário da Câmara, o parlamentar obteve esmagadora maioria de votos – 343 contra apenas 51 em branco.

Trata-se de um deputado respeitado por seus pares, incluindo de boa parte dos de oposição. O que não significa, necessariamente, que sua ascensão ao cargo seja para ele motivo apenas de alegria. Para dizer o mínimo, terá a responsabilidade resgatar a respeitabilidade da vice-presidência manchada pela desastrosa presença do antecessor André Vargas, político dado a bravatas e a gestos condenáveis, como aquele em que pretendeu ofender o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, durante sessão solene da Câmara.

Como dissemos, recuperar o respeito litúrgico ao cargo é a expectativa mínima que a sociedade brasileira deve alimentar em relação a Arlindo Chinaglia. Pois há contribuições maiores que ele poderá dar à nação se, no exercício do cargo, ajudar também a restabelecer a dignidade do parlamento, cada vez mais escassa em razão da atuação marcadamente fisiológica, corporativista e individualista da maioria de seus membros.

Porém, não se deve esperar tanto. O novo vice-presidente da Câmara reúne mais condições para cumprir outro tipo de tarefa e que não necessariamente aponta para o bom caminho. Será de sua incumbência, conforme já declarou, incentivar o "diálogo" dos deputados com o Planalto, o que pode significar o contrário do que preceitua a Constituição, segundo a qual os poderes devem atuar em harmonia, mas também com autonomia. O diálogo que Chinaglia se propõe incentivar pode ser aquele que costumeiramente se trava entre Executivo e Legislativo e que se traduz pelo apoio do segundo ao primeiro em troca da formação de uma maioria acrítica e obediente.

Ao menos é isso o que querem o PT e o governo da presidente Dilma Rousseff, ambos acossados, neste período praticamente às vésperas da eleição, pelo tormento das denúncias de corrupção, maus resultados administrativos e rebeliões, como as protagonizadas há pouco tempo pelo chamado "blocão" encabeçado pelo PMDB. Chinaglia – embora não ocupe cargo de tanta relevância e poder quanto o de presidente da Câmara – parece ter chegado em boa hora para os dois principais interessados em baixar a temperatura ambiente. Resta saber se ele conseguirá cumprir o intento dilmista de apaziguar os ânimos dos partidos aliados e evitar rebeliões futuras que poderiam comprometer ainda mais as aspirações petistas de perpetuação no poder.

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