Durante seu período na presidência da República, o governo do PT promoveu mudanças em certas políticas públicas, algumas bem-sucedidas e outras desastrosas. Entre as mudanças bem-sucedidas está a unificação de vários programas sociais em um único programa, o Bolsa Família. A decisão de fazer um cadastro nacional dos beneficiários e transferir renda em dinheiro foi correta, livrando o setor público de comprar, administrar e doar mercadorias – como era o programa do leite e a distribuição de alimentos –, coisa que sempre termina em ineficiência, corrupção e encarecimento operacional.
Entre as mudanças negativas está a guinada na política econômica no período Dilma, com a introdução da tal “nova matriz econômica”, o represamento dos preços controlados – caso dos combustíveis e da energia – e a concessão de benefícios fiscais a setores selecionados. Não por coincidência, foi o programa Bolsa Família que difundiu boa imagem do governo no exterior, sobretudo durante o governo Lula, e acabou influenciando a política externa brasileira. Infelizmente, os 13 anos do PT foram marcados por decisões erradas na política externa, como a tolerância com a agressão à democracia e o desrespeito aos direitos humanos por governantes esquerdistas, a exemplo da Venezuela.
Não se trata de fazer política externa excludente, mas pragmática no campo econômico e aderente aos princípios das sociedades livres
O segundo erro da política externa foi certo afastamento em relação aos países desenvolvidos e a não participação em importantes acordos internacionais como o Tratado Transpacífico.
O Brasil precisa promover duas ações para contribuir com o crescimento econômico e a melhoria da renda por habitante: elevar a atração de investimento estrangeiro direto (aqueles que entram em forma de equipamentos e novas empresas) e aumentar a absorção de tecnologia estrangeira a ser incorporada aos processos produtivos internos. A importação de tecnologias é decisiva para determinar a velocidade com que a economia brasileira aumentará a produtividade média (quantidade de produto por hora de trabalho) e a renda por habitante. Essas duas variáveis são essenciais para criar as condições de melhoria do bem-estar social médio da população nos próximos anos.
As novas tecnologias estão justamente nos países que o Brasil não priorizou: os Estados Unidos e outros países desenvolvidos.
Se o governo resolver tratar a política externa brasileira com pragmatismo, pensando no desenvolvimento nacional, há alguns pontos essenciais que, entre outros, devem compor nova política externa: a aproximação urgente com as nações desenvolvidas em acordos de comércio e de investimentos; o não alinhamento a ditaduras e governos que desrespeitam a democracia e os direitos humanos; a sinalização internacional de que o Brasil deseja participar dos acordos de comércio e de investimentos já firmados pelas nações do primeiro mundo; a adesão às leis e tratados internacionais de patentes e de respeito aos direitos autorais.
Adotar nova política não implica romper as relações com as nações não desenvolvidas, principalmente porque o Brasil tem interesses comerciais com tais nações, como é o caso de Argentina, China e Rússia. Não se trata de fazer política externa excludente, mas uma política pragmática no campo econômico e aderente aos princípios das sociedades livres e respeitadoras dos direitos universais da pessoa humana.
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