Os 200 mil quilômetros quadrados do território do Paraná correspondem a tão somente 2,4% da dimensão brasileira. No entanto, o estado contribui com um quarto da produção nacional de grãos. A participação paranaense nas exportações do país também ascende à casa dos 25%. Grande parte da energia elétrica que movimenta os grandes centros industriais – o Paraná incluído – é produzida pelas grandes hidrelétricas aqui instaladas. O PIB do Paraná é o quinto maior dentre os 27 estados, oscilando ao redor de 6% do total das riquezas produzidas pelo Brasil.

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Inúmeros outros dados poderiam ser acrescentados a essa lista para demonstrar a importância social e econômica do nosso estado no cenário nacional. Não é necessário. Bastam esses para provar o que sobeja e historicamente sabemos: a presença política do estado e a retribuição que recebe são inversamente proporcionais à sua grandeza e à contribuição que dá ao desenvolvimento socioeconômico do país.

Em linhas gerais este é o tema com que trabalha uma das reportagens desta edição. Nela abordamos a irrelevante participação do Paraná nas esferas federais. Apenas para citar como exemplo comprobatório dessa assertiva basta-nos lembrar que o Orçamento da União coloca nosso estado na oitava posição na destinação de recursos voluntários, muito atrás de unidades da Federação bem menos expressivas.

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Culpa do governo federal, das instituições federais? Na avaliação de abalizados analistas entrevistados, esse fato se dá pela timidez do comportamento das lideranças políticas paranaenses, que não se impõem e nem influem em medida compatível nos foros em que atuam. Falta-lhes, sobretudo, o esforço coletivo e coordenado quando se trata de pleitear e defender interesses estaduais, acima das divisões político-partidárias regionais. Falta, em suma, uma força que defina prioridades, estabeleça estratégias e que lidere o necessário processo de reivindicação e influência no cenário político nacional.

Um raro exemplo de que atitudes tomadas sob essa perspectiva podem trazer resultados positivos pode ser citado. Trata-se da recente mobilização promovida pelo governador Orlando Pessuti que, recém-empossado, reuniu as bancadas, arregimentou o empresariado e foi à luta para conseguir da União o cancelamento de milionária penalidade que pesava sobre o estado. Mais do que garantir a devolução de cerca de R$ 200 milhões retidos a título de multas por inadimplência em obrigações contratuais, e mais do que "limpar" o nome do Paraná das listas de restrição – ficou a lição de que a união de forças, a superação de antagonismos e a vontade política de liderar o processo foram e são a melhor receita para se alcançar o êxito – diferentemente dos discursos exacerbados e dos conflitos que o antecessor promoveu em torno da mesma causa, mas sem o mesmo resultado.

Mobilização nos mesmos moldes da protagonizada pelo governador poderia ser repetidamente encetada, como regra de comportamento, em tantas outras frentes de interesse coletivo e legítimo do Paraná. É legítimo, por exemplo, que o estado volte a ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), instituição na qual contou com um único representante, Ubaldino do Amaral, há quase 120 anos. O Paraná dispõe de alguns dos mais respeitados juristas para ocupar vaga na Corte, entre eles o sempre cotado e referendado professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luiz Edson Fachin. É vital neste momento, quando da aposentadoria de um do ministro do STF Eros Grau, que o estado se una em torno do nome de Fachin para que este ocupe sua vaga.

Podemos nos fixar nos mesmos exemplos para imaginar que a irrelevância do Paraná pode ser superada, desde que, principalmente a partir da investidura dos novos governantes a serem eleitos em outubro próximo, tenhamos a capacidade e a grandeza de unir nossas forças. Timidez, desunião e contendas paroquiais não serão nunca o melhor caminho.