A insistência do ditador Nicolás Maduro em realizar uma Assembleia Constituinte para que possa aumentar seus poderes deixa a Venezuela cada vez mais à beira da guerra civil. Sua decisão mais recente foi a proibir manifestações que, na definição vaga do ministro do Interior, Néstor Reverol, tenham o objetivo de “perturbar a organização e o funcionamento do serviço eleitoral ou da vida social do país” – um palavreado que, no fim, poderia servir para criminalizar qualquer protesto realizado pela oposição a Maduro, que não acatou a decisão e anunciou manifestações em todo o país, realizadas nesta sexta-feira.
A resposta da ditadura bolivariana aos protestos foi a violência de praxe. Os mortos desde o início da revolta popular contra Maduro já passaram de uma centena, e a repressão da Guarda Nacional Bolivariana e dos coletivos chavistas armados pelo regime não poupou manifestantes nem jornalistas nesta sexta-feira. Não foram registradas mortes durante esses protestos, mas a greve geral convocada pela oposição na quarta e na quinta-feira deixaram um saldo trágico de nove vítimas, assassinadas pelas forças bolivarianas, de acordo com organizações de defesa dos direitos humanos.
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A eleição deste domingo é praticamente um jogo de cartas marcadas. Depois da derrota sofrida nas eleições parlamentares no fim de 2015, o governo se precaveu e desenhou um sistema que garanta a maioria chavista na assembleia, pois apenas parte das cadeiras será preenchida pelo voto tradicional, baseado em divisões geográficas. Metade dos assentos é de escolha de entidades de inspiração bolivariana. Além disso, o governo resolveu usar o Carnê da Pátria, um documento emitido para os beneficiários de programas sociais e que serve para regular a compra de comida e outros produtos, como método de controle para saber quem votou – em outras palavras, uma nova versão do voto de cabresto. Não há como dar errado para o ditador. E, mesmo se desse, ele já havia prometido, em evento realizado no fim de junho, conseguir com as armas o que não se puder conseguir com os votos. Tudo isso, claro, sob o olhar complacente, quando não de pura admiração, das esquerdas brasileiras.
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