A questão econômica voltou ao centro do debate com as declarações do ex-ministro Ricardo Berzoini, candidato à presidência do partido situacionista, favorável a um ajuste que concilie o controle da inflação a um projeto de crescimento. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, saiu a campo para defender o governo, mas o próprio Ipea, órgão do governo federal, deu razão ao dirigente do PT e outros economistas propõem que o Brasil modifique a fórmula de cálculo da inflação, passando a considerar o núcleo inflacionário, de modo a permitir menos rigidez na gestão econômica.
O sr. Berzoini, colocou de forma limpa sua divergência: concorda com a necessidade de controle da inflação, do déficit público e de blindagem da moeda, mas discorda do foco na condução da política pública em que não há espaço para um orçamento de indução ao crescimento.
De fato, o Orçamento para 2006 prevê manutenção do juro básico em níveis elevados (17%), maior superávit fiscal primário em relação aos 4,25% atuais e investimento contido.
Para o professor André Nassif, da Fundação Getúlio Vargas, o país perdeu oportunidade para reduzir os juros no primeiro semestre, quando o cenário internacional era favorável. Nassif qualifica a manutenção dos juros nas alturas como "a marcha para insensatez: embora com convergência da inflação para a meta de 5,1%, o arrocho monetário não tem estimulado queda dos juros que possibilite o crescimento".
Já o economista João Sayad insiste em que o crescimento é vital para a elevação do emprego e a redução da violência que hoje assusta a população.
O refinamento na política monetária é fundamental para corrigir situações em que o arrocho fiscal corta investimentos e mantém despesas governamentais, além de constantemente ampliar a carga de impostos. O índice expurgado de efeitos sazonais centrado em um núcleo estável de preços é adotado pelos Estados Unidos e diversos países, inclusive os que estabelecem metas de inflação como o Brasil; tendo a vantagem de deixar a economia mais livre para crescer.
Em adição, foi lembrado que o Banco Central americano é responsável, além do controle da inflação, pelo nível de emprego e da renda da população; sendo avaliado pela sua competência em calibrar de modo criterioso essas variáveis fundamentais.
Nesta linha, os críticos do atual governo e antigos apoiadores como o senador Cristovan Buarque, reclamam a falta de um projeto consistente de desenvolvimento. O tailandês Supachai Panithpakdi, da Organização Mundial de Comércio, observa que o Brasil precisa pensar a longo prazo seu setor industrial; receita dos países asiáticos, para retirarem crescentes parcelas da população da pobreza.