A primeira queda da taxa básica de juros em 13 meses, de 19,75% para 19,50% ao ano, foi pequena e já era esperada pelos agentes econômicos. Mesmo assim, causou efeitos positivos por sinalizar inversão da tendência, com um alívio monetário que vai favorecer o crescimento, após a longa batalha para o controle da inflação. Se não houver influências negativas, principalmente de origem externa, o Brasil finalmente poderá iniciar um período melhor: nossa economia possui dinamismo próprio que rapidamente se traduzirá em mais renda, emprego e bem-estar, num ambiente de estabilidade de preços.
A queda leve mas declinante já se refletiu no refluxo do custo do dinheiro em toda a economia: bancos reduziram suas taxas, o juro de financiamento ao consumo no comércio e financeiras baixou e até os cartões de crédito derrubaram seus retornos normalmente elevados. Refletindo essa melhoria de cenário, a Bolsa de Valores teve um pregão favorável na quinta-feira e o risco-país recuou, beneficiado ainda pela primeira emissão externa de papéis em moeda nacional.
Embora os membros do Comitê de Política Monetária do Banco Central operem com autonomia prática, a redução ora anunciada contribuirá para melhorar o cenário geral, num momento grave em que os setores produtivos se preocupam com os desdobramentos de uma crise política incômoda na avaliação do presidente da Federação das Indústrias de São Paulo. Já para o presidente da mesma entidade no Paraná, Rodrigo Rocha Loures, a redução decretada de 0,25% é positiva, porém insuficiente, "porque o país vive uma estabilidade sem crescimento e um endividamento sem investimento".
Esse modelo é rejeitado pelos líderes empresariais por debilitar a economia brasileira: evidentemente existe algo a ajustar num regime que ostenta a maior taxa real de juros do globo, numa base que é praticamente o dobro da segunda colocada. Para o novo enfoque, o Instituto de Desenvolvimento do Varejo defende a reestruturação do Copom nos moldes do comitê responsável por esse processo nos Estados Unidos. Ali, além de representantes da área econômica e financeira, tomam parte nas reuniões os delegados de setores produtivos e até de movimentos de consumidores o que assegura decisões mais amplas. Alan Greenspan, o lendário presidente do "Federal Reserve" em vias de se aposentar, ao lado de se ocupar com a meta de inflação, deve prestar contas ao Congresso de mais duas variáveis: nível de emprego e taxa de crescimento.
Numa economia em desenvolvimento como a nossa tal tarefa é complexa, porém as reivindicações por mudança são gerais e mesmo o principal candidato à presidência do partido situacionista nas eleições de amanhã, o ex-ministro Ricardo Berzoini, declarou em Curitiba ser favorável a um ajuste que concilie o atual controle da inflação a um projeto de crescimento. De toda forma, mesmo simbólica, a redução nos juros poderá levar o Brasil a um ciclo de retomada, benéfico para todos.
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