Estudantes produzem a memória do jornalismo

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Uma das missões da universidade é o registro, a análise e a difusão das atividades essenciais da comunidade, além da pesquisa e aplicação de conhecimentos que podem contribuir para o aprimoramento do ser humano.

Segundo os especialistas, há duas orientações para classificar essa instituição nos tempos modernos: universidades do espírito e universidades do poder. A primeira corresponde à aspiração do indivíduo pelo saber. A formação intelectual sobreleva a profissional, como são exemplos as universidades de Oxford e Cambridge. A segunda se caracteriza pela formação de técnicos em variados setores da ciência, da arte e da literatura.

O jornalismo, segundo o dicionário Houaiss, é a atividade profissional que visa coletar, investigar, analisar e transmitir periodicamente ao grande público, ou a seus segmentos, informações da atualidade através dos veículos de comunicação social (jornal, revista, rádio, televisão, etc.).

Dentro dessa concepção, o jornalista é a pessoa que pode encarnar as tendências acima referidas. Em seu trabalho cotidiano, ele busca saber a essência e a circunstância do homem, do mundo e da vida para informar aos seus leitores, ouvintes ou telespectadores. E, para tanto, necessita utilizar a técnica da comunicação.

Materializando esses aspectos, alunos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Positivo – UnicenP – em parceria com o Instituto Cultural de Jornalistas do Paraná, promoveram reuniões com destacados profissionais da imprensa paranaense. Como acentua em sua apresentação, o projeto Entrevista coletiva teve o objetivo de documentar, tanto quanto possível, o pensamento dos maiores ícones da imprensa paranaense. São profissionais que, ao longo das últimas décadas, têm se destacado por suas atuações nos diversos veículos: jornais impressos, revistas, emissoras de rádio e televisão e nas atividades do magistério e de assessoria de comunicação.

O resultado da investigação e das entrevistas foi impresso em dois volumes pela Editora do Instituto Cultural dos Jornalistas do Paraná, com os créditos para o organizador Alexandre Castro (coordenador do curso e presidente do Instituto), Marcelo Lima e Tomás Barreiros (edição). A responsabilidade e a condução de todas as entrevistas estiveram a cargo dos próprios alunos – desde o calouro até o formando, geralmente em grupos de quatro estudantes que pesquisaram sobre a vida e obra dos jornalistas e organizaram as perguntas. Foram 18 entrevistados, 74 repórteres-estudantes e 16 fotógrafos, além de técnicos e outros funcionários do UnicenP.

O projeto Entrevista coletiva é uma bem sucedida experiência acadêmica com importante repercussão social pois, além do livro, um fecundo material sobre a vida pessoal dos profissionais e da história do jornalismo paranaense é oferecido para consultas públicas através de áudio e vídeo.

"PRB2 – Vida e história da Rádio Clube Paranaense".

A propósito do artigo publicado recentemente nesta coluna, recebi do ex-aluno e amigo Nelson Luiz Silva Fanaya as seguintes informações complementares: João Alfredo Silva, alagoano nascido em 6 de maio de 1888, chegou em Curitiba em 1907 com 19 anos para servir o Exército e com o ofício de rádio telegrafista. Trabalhava em contabilidade e fundou, com Avelino Lopes, a Escola Prática de Comércio "Avalfred", posteriormente transferida ao seu irmão Oscar de Plácido e Silva, que também veio morar em nossa cidade. No início dos anos 20, João Alfredo, valendo-se da formação de telegrafista e tendo o apoio do amigo Livio Gomes Moreira, fez experiências com ondas sonoras de rádio, bem como transmissão experimental de telefonia sem fio, diretamente de sua casa. Foi assim que nasceu a Rádio Clube Paranaense, na residência de Francisco Fido Fontana (1924), após a criação de uma sociedade cultural por empresários da cidade.

O rádio é outra fonte de pesquisa e história.

René Ariel Dotti é advogado, professor universitário e foi secretário de estado da cultura (1987–1991).