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Qualquer organização ou instituição, independentemente do seu setor, porte e natureza, pública ou privada, deve ter o propósito de transformar recursos em valor coletivo para a sociedade. Por recursos entende-se capital humano, natural, financeiro e valores morais, que devem ser transformados em entregas econômicas, sociais, ambientais e éticas. Se alguma entidade não é capaz de cumprir essa missão, a sua existência é desnecessária. Esse conceito se aplica, de forma abrangente e sem exceção, a organizações, instituições, países, estados, municípios e comunidades.

Nesse contexto, devemos enxergar o Brasil como uma grande cadeia de valor que, por meio do alinhamento de todas as partes interessadas – governo, empresas, sociedade e cidadãos –, precisa ser eficiente e eficaz, de norte a sul e de leste a oeste, na transformação de recursos em valor para o seu povo.

Há algum tempo, sinais e fatos têm mostrado um certo descontentamento dos brasileiros com as entregas feitas pela "Cadeia de Valor Brasil". As manifestações desencadeadas a partir de junho de 2013 e as margens apertadas das vitórias nas últimas eleições deixaram clara a insatisfação da população com a forma como estamos gerindo os nossos recursos, fazendo entregas que ninguém deseja.

Se por um lado somos privilegiados em termos ainda uma natureza exuberante, um clima favorável, um povo pacífico, paciente e trabalhador e um perfil demográfico equilibrado, do outro lado estamos na contramão do mundo civilizado. Estamos entre os últimos no ranking mundial de produtividade e competitividade, entre os países mais corruptos e inseguros do mundo, além de termos nos tornado um país caro e com baixa qualidade de serviços, o que tem nos deixado isolados no comércio internacional.

Diagnósticos existem e as demandas da população são claras. Como bem disse a presidente Dilma Rousseff no dia 21 de junho de 2013, "a voz das ruas precisa ser ouvida e respeitada". Terminar um ano e iniciar outro não é uma mera contagem de dias. Assim como terminar um governo e iniciar outro não deve ser a manutenção do statu quo. São transições que nos dão esperança de renovação, com novos planos e novos projetos para um novo período. Também é uma oportunidade para avaliarmos as nossas realizações, competências, conquistas e aprendizados.

Fazendo um balanço analítico do desempenho da "Cadeia de Valor Brasil", a conclusão é de que, na maioria dos casos, não estamos sendo eficientes e eficazes no uso dos nossos recursos para gerar bem-estar para a população. A má notícia é que estamos diante de problemas de gestão quase que generalizados. A boa notícia é que temos no Brasil um Modelo de Excelência da Gestão (MEG), disseminado pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), atualizado e respeitado mundialmente, que pode ser utilizado imediatamente.

Assim, para que o Brasil retome definitivamente a trilha do desenvolvimento sustentável é preciso promover o alinhamento público-privado, estabelecendo claramente duas frentes: os planos de governo, logicamente atrelados aos diferenciais estratégico-partidários; e planos de Estado, apolíticos, apartidários e que passem de governo a governo, sem risco de descontinuidade, para resolver as grandes questões do Brasil, como educação, saúde, segurança, infraestrutura, mobilidade e saneamento.

Não há dúvidas de que, em um mundo em constante mutação, os setores público e privado devem estar atentos e se unir para, corajosamente, enfrentar os desafios atuais. Nesse processo de alinhamento de esforços é imprescindível que cada um assuma um papel questionador, ativo e convergente, formando cidadãos, promovendo o bem-estar econômico-social coletivo e preservando os recursos naturais. É preciso, portanto, que a excelência da gestão seja o novo marco institucional do Brasil, que alinhe a sociedade e os setores público e privado, resgatando a produtividade e a competitividade do país, para que possamos retomar o desenvolvimento sustentável que tanto queremos e de que tanto precisamos.

Jairo Martins da Silva é superintendente-geral da Fundação Nacional da Qualidade.

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