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O início de ano é um período para o empresário planejar as ações que serão desenvolvidas ao longo dos próximos 12 meses para a conquista dos objetivos tão almejados: prosperidade e continuidade. Para tanto, se faz necessário conhecer o ambiente no qual se dará a execução deste planejamento – neste caso, a economia brasileira.

No cenário econômico brasileiro, dois pontos se destacam para a elaboração do planejamento de 2015: o Produto Interno Bruto (PIB) e a inflação. Neste sentido, temos o seguinte contexto: o Brasil apresentou um comportamento de retração no crescimento do PIB durante o ano de 2014, com um cenário inflacionário desfavorável que se distanciou do centro da meta até então estabelecida. Sendo assim, são estes os dois tópicos que precisam estar na pauta do planejamento de 2015, pois eles possivelmente responderão pelos maiores problemas dos empreendedores, seja pela queda da demanda pela retração do PIB, seja pelo aumento do custo operacional pela expansão da inflação.

A composição da nova equipe econômica do governo nos leva a crer que teremos um cenário de maior busca pelo controle, tanto das contas públicas como da inflação. Ou seja, o ano de 2015 deverá ser marcado por uma política econômica mais ortodoxa. Algo realmente necessário, tanto para reconquistar a confiança do mercado internacional quanto ao grau de risco de investir no país, como também para arrumar internamente a casa, uma vez que o processo inflacionário é um dos maiores inimigos da população assalariada.

Todavia, convém lembrar que, no curto prazo, essas políticas são contracionistas. Caso a economia brasileira estivesse em um movimento de expansão, isso não seria grande problema. Mas o fato é que ela não está. O Brasil, de modo geral, já não estava gerando novos empregos e se mantinha com taxas de desemprego baixas porque a procura por trabalho não era alta. Sendo assim, somando o caráter histórico de falta de novos empregos com um futuro de políticas contracionistas, temos um cenário complicado para o empreendedor que esteja alienado a todo esse contexto.

O cenário descrito acima será, possivelmente, também o cenário do Paraná. O estado já apresentou previsão, para o ano de 2015, de um investimento menor que o realizado em 2014, bem como um movimento de aumento de tributos. Esse cenário, por si só, já é preocupante para o empresário paranaense; então, imagine o impacto que isso não tem quando é associado ao fato de que as famílias paranaenses passaram a aparecer nas pesquisas dos últimos anos entre as que mais apresentam grau de endividamento. Portanto, em síntese, podemos considerar que o Paraná deverá seguir a mesma tendência de posicionamento de defesa que será observado no resto do país, quando se fala de transações em varejo. Podemos considerar que o empresário paranaense encontrará um ambiente com maior custo para o capital, uma redução na demanda de determinadas linhas de produtos e serviços, tanto pela elevação da taxa de desemprego (seja ela real ou por expectativa) como também pelo alto grau de endividamento das famílias.

Talvez o leitor esteja se perguntando: por que o endividamento das famílias é tão relevante agora para a economia? Afinal, não foi isso que impulsionou o Brasil até agora? Não é de hoje que se sabe que o processo de financiamento das famílias – as vendas chamadas a prazo – é o motor da alavancagem operacional. Todavia, quando a política de fornecimento de crédito é muito flexível há, além do crescimento da venda, um crescimento do custo do pós-venda. Dito de outra forma, tem-se que o Brasil cresceu nos últimos anos tendo como base o fornecimento de crédito, mas sem igual preocupação com o aumento da produtividade do trabalho daqueles que contraem este crédito. Assim, agora tem-se um problema de continuidade dessa política. Resumindo: dando mais crédito, vendem-se mais produtos; porém, vendendo mais produtos a prazo, aumentam os custos para cobrar, para receber e, muitas vezes, com a inadimplência. Tudo porque aquele que comprou a prazo atingiu um limite crítico entre o que deve em relação ao que consegue produzir de riqueza com seu trabalho.

Assim, o varejo provavelmente deve adotar para o ano de 2015 uma posição mais rígida no fornecimento do crédito. Deve incentivar o processo da venda à vista e, principalmente, cuidar muito bem de seu fluxo de caixa, para que o atraso de seus clientes não comprometa o pagamento de seus fornecedores.

Ernani João Silva, economista, é especialista em auditoria integral, mestre em Contabilidade e professor de graduação e pós-graduação do Centro Universitário Internacional Uninter.

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