Estou acompanhando desde o início esse assunto. Quando houve a campanha de troca de armas por recompensa, em dinheiro, já me perguntava onde isso iria parar. Eis a resposta: se não bastasse a falta de segurança, agora poderemos ter a falta de defesa. Proibir o desarmamento não é escolher segurança. É escolher não ter opção de defesa. O que está bem divulgado é que votar a favor do desarmamento significa diminuir o número de mortes acidentais ou coisas do gênero, mas a questão é mais séria: perderemos o direito de defesa. Cidadãos de bem não poderão comprar uma arma, e os bandidos ainda as terão. Acredito que os acidentes não acontecem com "armas legais". Quem tem porte de arma, a tem porque provou educação para isso; sabe da responsabilidade que isso representa. A educação, creio, é o caminho para evitar o mau uso de uma arma. É comum ouvir que proibição não educa, mas, mesmo assim, há quem insista em percorrer esse caminho. Não posso concordar em tirar um direito que tenho: legítima defesa. Desarmar cidadão de bem não significa segurança.
Maria Lúcia Martins da Silva Vieira Curitiba, PR
Decisão importante
O referendo sobre a proibição da venda de armas e munições no Brasil já mostra resultados, mesmo antes de ser votado. Nunca foi tão amplo o debate sobre a questão, pois a população sabe que essa decisão vai influenciar diretamente as nossas vidas. O Paraná saiu na frente nessa luta e serviu como amostra para o resto do país. Afinal, aqui o desarmamento já é incentivado pelo governo desde janeiro de 2004. Até agora, diminuímos em 12% o número de homicídios dolosos e os disparos efetuados em mais de 30%. O dinheiro gasto pelo governo do estado na forma de indenizações, antes criticado, hoje é reconhecido como um grande investimento que muito nos poupou do orçamento para saúde.
Cristiano Brun Binder, bancárioCuritiba, PR
Dogma desrespeitado
Reza o artigo 5.º, inciso XI, da Constituição Federal: "A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela pode penetrar sem consentimento do morador...". Tal secular dogma constitucional não é respeitado pelo marginal, que insiste e não desiste de adentrar em nossos lares, perpetrando homicídio, assalto, estupro, etc. O último e único recurso do cidadão de bem que é a legítima defesa própria e de sua família, autorizada expressamente pelo artigo 25, do Código Penal, está em via de ser proibido ao arrepio da lei substantiva penal, porquanto sem o fator inibitório que a posse legal de uma única arma de fogo proporciona (de uso permitido pequeno calibre). O criminoso terá a certeza absoluta que seu malfadado escopo letal será alcançado sem maiores dificuldades e sem reação. Friso que eu não incentivo a violência. Luto, sim, pela defesa contra uma violência, hoje tão rotineira ante a flagrante ineficiência do Estado. Destarte, desafio aos defensores do desarmamento que coloquem na porta de suas residências uma larga faixa com os seguintes dizeres: "Sou do bem, nesta casa não tenho arma de fogo".
Pedro Carvalho Santos Assinger, promotor de justiçaCuritiba, PR
Enxurrada
Cidadão, prepare-se para uma enxurrada de propagandas caras, patrocinadas por este governo que aí está (e pagas com dinheiro público, naturalmente). Nelas, artistas famosos (os mesmos do "Lulalá") tentarão enganá-lo novamente, convencendo-o a desarmar-se e ficar à mercê dos bandidos, contribuindo assim para a idéia que o governo parece ter de justiça social. Não se esqueçam de que os ditos artistas, assim como os políticos, dispõem de recursos para manter segurança particular e carros blindados. Observem, também, que pela nova proposta os deputados e senadores, grandes exemplos de moral e respeito às leis, não serão obrigados a se desarmarem. Isto é para a choldra...
Dario Knopfholz, engenheiro civilCuritiba, PR
Direito de voto
Vamos exercer o nosso direito de votar. Muita gente acha que ter arma de fogo é o que vale. Mas se queremos ter paz, não podemos usar de ferramentas que tiram a vida. Se os bandidos estão armados, precisamos exigir de nossas autoridades o cumprimento das leis para desarmá-los. Não podemos nos igualar aos delinqüentes, achando que estamos mais seguros. Para buscar melhores condições de vida, são justamente os cidadãos de bem, até para honrar essa qualidade, que precisam rever seus conceitos. A posse de arma, por si só, é um risco iminente.
Rogero Spisla,aposentado Curitiba, PR
Conseqüências
Se você quer que o Brasil dê alguns passos para trás, vote sim para o desarmamento. E sofra as conseqüências.
Ralfy Santos BernardinaCuritiba, PR
Participação infeliz
Poderia discorrer de diversas formas porque votarei não no referendo. No entanto, nesse momento vou me ater a infeliz participação do sr. Raul Jungmann em favor do sim aqui no Paraná. Pelas seguintes razões: temos em nosso estado lideranças suficiente para discutirmos este e outros temas; estando em casa alheia, o mínimo que se exige é que o convidado opine sem ofender (ou pensar que está ofendendo) aqueles que têm posição contrária a sua. Pela ótica do sr. Jungmann, prefiro ser "marginalizado" do que refém dos marginais.
Márcio AssadLapa, PR
Questionamentos
Tenho 68 anos, sou formado em nível universitário, tarimbado na vida, já fui dirigente de grandes empresas, estou em plena atividade profissional, não tenho qualquer moléstia que prejudique o meu raciocínio. No entanto, ainda não consegui entender o objetivo real do desarmamento. Sou totalmente contra o uso de armas por leigos e pessoas não habilitadas legalmente. Porém vejo necessidade de uma certa parte da população ser autorizada ao seu uso, para viagens, trabalho, defesa do lar, etc. É claro que para isso teria que ser devidamente habilitado perante o setor competente. Como na habilitação de motorista, ela deveria ser renovável periodicamente. Pelo que entendi, os que têm porte de arma também deverão entregar suas armas. E o tal direito adquirido como fica? Além do mais, sou de opinião de que o dinheiro gasto nesse referendo seria muito melhor aproveitado na saúde e na educação. Mais ainda, duvido que o nosso sistema policial, dos estados e o federal, tenham condições de fiscalizar e evitar a posse de armas por marginais e bandidos.
Luiz Fanchin Jr, contadorGuaratuba, PR
Sobra de argumentos
Quando discutimos o desarmamento, parece que sobram argumentos para termos armas em casa e confiar que elas são o diferencial na nossa segurança. É uma pena que quem defende o comércio de armas demonstre não conhecer dados reais para tomar essa posição. Por exemplo, 30% das armas apreendidas no Rio de Janeiro foram vendidas com registro legal (DFAE 2003). Lógico, bandidos não compram armas em lojas, mas as roubam do trabalhador que o fez. Portanto, desarmando o "cidadão de bem", desarmamos também os marginais.
Maria das Dores Pimenta, autônomaCuritiba, PR
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