O voto verdadeiramente consciente, embora não prescinda da atenção aos programas eleitorais do rádio e da televisão, exige muito mais do que neles se vê ou se ouve
Começou a temporada dos programas de propaganda eleitoral gratuita nos rádio e na televisão. Ontem, no primeiro dia, desfilaram os candidatos a vereador; hoje será a vez dos que postulam as prefeituras e assim seguirá, alternadamente, até dois dias antes de 7 de outubro, o dia das eleições municipais em todo o país. É principalmente a partir desse momento que cresce na consciência do eleitor o interesse pelo pleito e é também a partir de agora que a decisão sobre em quem votar passa efetivamente a ser tomada.
Trata-se de um processo natural, pois é especialmente através dos meios de comunicação de massa que a maioria dos cidadãos vê estendida a oportunidade de melhor conhecer os candidatos, avaliar suas propostas, compará-los entre si para, por fim, decidir em quem votar. Sem dúvida, este é um processo em que nem sempre prevalecem razões objetivas de interesse coletivo, mas motivos tão subjetivos e pessoais como a conquista de simpatias ou o encanto pela forma da mensagem e não pelo seu conteúdo.
Porém, cuidado! Nenhum pretendente a cargo eletivo vai ao rádio ou à tevê para falar mal de si mesmo. Ao contrário, pinta com cores fortes as próprias (pretensas) virtudes, promete o que nem sempre pode cumprir e trata de combater os adversários apontando-lhes supostos defeitos ou contradições. Os programas eleitorais, portanto, costumam ser um teatro com uma maioria de atores mambembes com o qual a plateia de eleitores, em vez de informar-se convenientemente para decidir seu voto, mais acaba se confundindo.
Por esse e outros motivos, muitos elegem o horário eleitoral gratuito como o "momento de desligar a tevê" e ir fazer qualquer outra coisa. É um pensamento perigoso para quem tem na televisão ou no rádio sua única fonte de informação para conhecer os candidatos. Mesmo com todas as ressalvas que acabamos de fazer sobre os programas eleitorais, eles ainda são preferíveis a uma situação em que o eleitor escolhe um representante sem informação nenhuma, tornando-se presa fácil de vícios eleitorais como o clientelismo.
Mas o voto verdadeiramente consciente, embora não prescinda da atenção aos programas eleitorais do rádio e da televisão, exige muito mais do que neles se vê ou se ouve. O voto consciente precisa de informação isenta e objetiva, qualidades que evidentemente faltam na propaganda dos próprios candidatos. Há de se buscar outros instrumentos de auxílio que permitam identificação mais precisa entre o que pensa o eleitor e o que propõem os candidatos.
A Gazeta do Povo, por exemplo, por intermédio de seu portal na internet, oferece aos seus leitores/eleitores tal oportunidade suplementar. É o Candibook, um sistema que contém o perfil pessoal e político de cada candidato submetido ao instrumento científico conhecido como Diagrama de Nolan que permite ao eleitor verificar se as tendências dos que concorrem à prefeitura e à Câmara Municipal de Curitiba e outras cidades paranaenses se identificam com as dele. Entre outros critérios que o eleitor pode levar em conta, há alguns representativos de correntes político-ideológicos, como o que define posturas dos candidatos (se estatizantes, libertários, de esquerda, direita ou centrista).
É dessa maneira que se constrói o voto consciente pela informação tão precisa e ampla quanto possível a respeito dos que postulam o apoio da população comparativamente ao que pensa e almeja cada eleitor. Os programas da propaganda eleitoral tornam-se mais úteis quando ouvidos e vistos sob o prisma do conhecimento prévio que ferramentas como o Candibook oferecem.