O Brasil atravessa mais uma vez uma crise política de grandes proporções, que a cada dia, a cada nova revelação de desmando e imoralidade, vem indignando e horrorizando a Nação. Vivemos uma crise de credibilidade que atinge as instituições democráticas e provoca novamente um sentimento de revolta contra a classe política por conta dos escândalos que se acumulam no noticiário.

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Grande parte dessa situação é fruto da decepção causada pelo fracasso do atual governo em enfrentar a corrupção e moralizar os costumes políticos – missão atribuída ao PT, na última eleição, que porém se mostrou incapaz de cumpri-la. Decepção essa alimentada pelas expectativas geradas por anos de discursos em defesa da ética que se revelaram vazios diante das práticas do partido no poder.

Em duas décadas de atividade parlamentar que cumprimos no Congresso Nacional desde a Assembléia Constituinte, nunca assistimos a um cenário tão degradado. Mas neste momento difícil se torna ainda mais necessário que os homens de bem de nosso país não se deixem abater pelo desânimo e ajudem a Nação a tirar lições dessa crise. Pois como bem diz o ditado, "mais vale um fim com tragédia, do que uma tragédia sem fim".

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Precisamos canalizar essa indignação não contra a democracia, mas a seu favor, colocando um fim na impunidade. Realizando um processo exemplar de apuração e punição daqueles que se utilizam da atividade pública para assaltar o Estado, promovendo uma limpeza de nossas instituições.

Ao mesmo tempo, é preciso fortalecer o Estado de Direito, não permitindo que o clima de caça às bruxas se torne pretexto para que se atropelem as garantias constitucionais. É preocupante, nesse sentido, a disseminação indiscriminada da arapongagem, com a utilização abusiva de grampos telefônicos e gravações clandestinas, que muitas vezes servem para alimentar uma verdadeira indústria da chantagem que se instalou no país.

Criou-se um clima em que todos são suspeitos até prova em contrário. E ao invés de ajudar a combater a corrupção, esse clima só contribui para a impunidade, ao criar uma cortina de fumaça que nivela por baixo e dá a falsa impressão de que todos são igualmente culpados.

Não se constrói uma grande nação sem respeito entre as pessoas. Não se pode apostar, por interesse particular ou partidário, contra o país. O Brasil é maior do que suas mazelas e temos todas as condições de superar este momento. Basta acreditar e agir no sentido de dar respaldo às forças que ainda carregam em suas vidas os princípios básicos da cidadania e respeito ao interesse público.

Temos que levar as investigações até as últimas conseqüências, com a devida rapidez, e ao mesmo tempo, com o respeito à legalidade. Mas mais do que isso, é preciso mudar a mentalidade de que o espaço público é terra de ninguém, onde cada um só age para auferir benefícios pessoais. Essa mudança inclui a própria forma de pensar do eleitor, que na hora do voto deve escolher de acordo com sua própria consciência e apostando no interesse coletivo e não no benefício imediato que possa advir de eventuais favores oferecidos por esse ou aquele candidato inescrupuloso. Porque ao aceitar esse jogo, o eleitor abre a porta para que os corruptos tomem posições de decisão e poder.

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E nesse sentido, não há melhor arma do que o exemplo. Não esse pregado atualmente pela ridícula e contraproducente campanha publicitária oficial. Mas aquele de verdade, que começa em casa, e passa de pai para filho. Cabe a nós, brasileiros, tomarmos as rédeas da história e mostrarmos que a nossa indignação não é só da boca para fora. Mas sim um instrumento para que possamos dar o primeiro passo e virar a página, inaugurando um novo momento, em que todos assumam sua parte neste desafio de construir o Brasil que queremos para nós e nossos filhos.