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Ao lado das denúncias das CPIs, dos focos de febre aftosa no gado e da conjuntura externa, nos próximos dias o Brasil deve lidar com um assunto mais imediato: a permanência de Antônio Palocci no Ministério da Fazenda. Apesar de ressalvas à sua linha de orientação, o titular da Fazenda – que hoje se apresenta ao Senado – realiza tarefa de relevância, com a lenta mas progressiva consolidação da estabilidade econômico-financeira sem a qual nenhuma ação pública é possível.

Esse aspecto é reconhecido pelos agentes econômicos e inclusive, pelas lideranças dos partidos de oposição ao governo. Apesar das turbulências decorrentes das revelações das CPIs, dirigentes do PSDB, PFL e outras legendas procuram ressalvar a figura do ministro Palocci, cientes dos bons serviços que ele presta e da responsabilidade por iniciativas que afetem essa área sensível.

Administrador experimentado na gestão de uma cidade de porte, Palocci inaugurou o governo Lula com uma política fiscal dura, mantendo os juros na estratosfera – mesmo sob risco de desaceleração econômica – empenhado em realizar o ajuste nos primeiros anos de mandato, de forma a garantir alívio na fase de campanha para a reeleição do presidente. Contudo fatores de instabilidade perduraram, agravados neste ano pelo desencadear de uma crise política severa, a retardar o cenário de consolidação.

Agora Palocci foi colocado diante de dois fogos cruzados: da área "desenvolvimentista" do próprio governo, que cobra afrouxamento via liberação de recursos para a retomada do crescimento – capaz de pavimentar o caminho para a reeleição; e de setores do Ministério Público e da oposição, cujas investigações evoluíram para se aproximar do ministro quando exercia a prefeitura de Ribeirão Preto.

Mas o que assustou foi a virulência com que a ministra-chefe da Casa Civil – apoiada pelo novo presidente do PT, desqualificou a política econômica, despertando preocupações quanto ao endosso do presidente da República à linha de Palocci. Os mercados financeiros já acusam a volatilidade, que afasta o Brasil da esperada reclassificação para "grau de investimento" nos mercados mundiais de capital.

Palocci tem falhas: o nível rigoroso a que levou a política de estabilização, premido pelo cronograma da reeleição, despertou protestos ante a queda dos índices de atividade, compras e emprego. Com isso passou a ser criticado, além de políticos, por especialistas situados à esquerda, como João Sayad e por economistas da corrente monetarista – tal o professor Afonso Celso Pastore, que agora advoga maior corte de juros, para evitar que a economia deslize para a recessão.

De fato, as ações do ministro não são perfeitas, porém as alternativas são piores. Sua saída levaria à perda do esforço de estabilização dos últimos três anos, distanciando o Brasil dos países que lutam para sair da pobreza e alcançar o desenvolvimento.

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