A alegre correria das ruas, o pisca-pisca das luzes coloridas, as crianças e seus brinquedos novos, a mesa farta da ceia em família, a felicidade estampada no rosto das pessoas, a religiosidade que se manifesta forte, o senso de fraternidade e de amor cristão que ressurge tudo isso faz parte do clima natalino. Estamos imersos neste clima neste 25 de dezembro de 2005, mas nem todos conseguimos mergulhar no sentido mais profundo e sublime do Natal e nas motivações que ele nos deve inspirar.
A primeira motivação é para o balanço que necessariamente precisamos fazer de nossas próprias vidas, do mundo que nos cerca e do que realizamos ou deixamos de realizar para torná-lo melhor. E certamente podemos fazê-lo por meio do contraste entre este momento de alegria e fartura e a realidade que ainda deserda milhões da oportunidade de também vivenciá-lo, tanto no plano individual quanto no coletivo isto é, como membros sócio-políticos na nação chamada Brasil.
Para tanto, em primeiro lugar, é importante que nos conscientizemos da profundidade evocada pela mais importante data do cristianismo. Os fundamentos da comemoração, legados há dois mil anos por Cristo, situam-se na premissa do amor incondicional ao próximo como reconhecimento de que somos todos dignos frutos e irmãos da mesma obra criadora. E que é deste mandamento que devem decorrer nossa visão e nossas atitudes frente à realidade que nos cerca.
Esta reflexão nos leva a não nos permitir que nos deixemos ser vencidos pela indiferença. O senso de justiça e de igualdade emanado do mesmo mandamento nos obriga não só a constatar que são muitos os que não conseguem participar como comensais de nossas fartas mesas natalinas, mas sobretudo que estamos moral e cristãmente comprometidos na tarefa individual e coletiva de contribuir para aproximá-los da mesa.
Lembremo-nos, por exemplo, que o Brasil amarga humilhantes posições em rankings mundiais de exclusão social. Pobreza, desemprego, desigualdade social, alfabetização, baixo nível de escolarização, violência são itens nos quais nosso país se apresenta como um território pouco digno dos méritos de seu povo. Ocupamos a 167.ª posição no ranking da desigualdade; estamos em 161.º lugar no de homicídios, em 99.ª colocação em desemprego. Somos a 15.ª economia do mundo, mas a exclusão social nos coloca em 109.º lugar. Temos o quarto maior PIB da América, mas somos o 28.º em exclusão no continente.
Tudo isso não combina com festa. E muito menos com festa de Natal a menos que a aproveitemos também para meditar sobre o papel que cada um de nós precisa desempenhar para transformar esta realidade. E também para questionar e exigir que aqueles sobre os quais recai diretamente a esperança do povo brasileiro cumpram com responsabilidade e ética o dever de diminuir as diferenças. É indispensável para a paz. E "não há Paz sem Justiça", lembrava o Papa João Paulo II. Uma frase para ficar presente na mente de todos neste dia especial.
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