O Livros dos Atos dos Apóstolos (17, 16-33) narra a visita do Apóstolo Paulo a Atenas, onde ele encontra um altar dedicado "Ao Deus desconhecido." Atenas, centro espiritual do helenismo pagão, é aos olhos do Evangelista Lucas um símbolo, como o manifesta o discurso de Paulo, único exemplo que os Atos nos conservaram de sua pregação aos pagãos, e o único caso onde o vemos recorrer à sabedoria profana, para combater o paganismo. Vamos às palavras do Evangelista Lucas: "Enquanto Paulo esperava Silas e Timóteo em Atenas, inflamava-se-lhe o espírito de indignação com o espetáculo daquela cidade cheio de ídolos. Disputava, por isso, na sinagoga, com judeus e com adoradores de Deus, e na ágora, todos os dias, com os que a freqüentavam. Até mesmo alguns filósofos epicureus e estóicos o abordavam. Uns diziam: "Que quer dizer este palrador?" Outros: "Dir-se-ia um pregador de divindades exóticas." Porque ele anunciava Jesus e a Ressurreição. Tomaram-no então consigo e levaram-no ao Aéreópago dizendo: "Poderíamos saber que espécie de doutrina é essa que ensinas? Pois são opiniões estranhas que nos trazes aos ouvidos. Gostaríamos, portanto, de saber o que isto quer dizer." Todos os atenienses, com efeito, e os estrangeiros ali residentes, não passavam o tempo senão a dizer e ouvir as últimas novidades."
"De pé, no meio do Aereópago, Paulo então disse: Atenienses, sob todos os aspectos sois, eu os vejo, os mais religiosos dos homens. Pois percorrendo a vossa cidade e observando os vossos monumentos sagrados, encontrei até um altar com a inscrição: "AO DEUS DESCONHECIDO." Aquele que adorais sem conhecer, eu venho vos anunciar. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele se encontra, o Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos humanas. Também não é servido por mãos de homens, como se tivesse necessidade de alguma coisa, ele que a todos dá vida, respiração e tudo o mais. Se de um princípio único fez todo o gênero humano para habitar sobre a superfície da terra, se fixou tempos determinados e os limites do habitar dos homens, foi a fim de procurarem a divindade e, se possível, atingi-la às alpapadelas e encontrá-la; também ela não está longe de nós. É nela, com efeito, que temos a vida, o movimento e o ser. Assim, aliás, disseram alguns dos vossos: "Pois nós somos também sua raça" (Citação tirada dos "Fenômenos" de Arato, poeta originário da Cilícia século III a.C. Também o estóico Cleanto séc. III a.C. no "Hino a Zeus", 5 que se exprime quase nos mesmos termos). "Se somos da raça de Deus continua Paulo não devemos pensar que a divindade seja semelhante ao ouro, à prata, esculpida pela arte e pelo engenho do homem (Paulo se inspira aqui em um antigo tema de propaganda antidolátrica cf. Isaías 40,20+ Ora, eis que Deus, fechando os olhos relativamente aos tempos de ignorância, fez agora saber aos homens que têm todos e por toda a parte de se arrependerem, porque ele fixou um dia para julgar o universo com justiça, por um homem que ele destinou, oferecendo a todos uma garantia ao ressuscitá-lo dentre os mortos". "Ao ouvirem falar de ressurreição dos mortos, uns zombaram, outros diziam: "Ouvir-te-emos a respeito disto outra vez". Foi assim que Paulo se retirou do meio deles. Alguns homens, contudo, aderiram a ele e abraçaram a fé. De seu número foi Dionísio, o Aeropagita. Também certa mulher, chamada Damaris e outros com eles". Os leitores de Lucas certamente conheciam Dionísio. A lenda o envolveu, sobretudo depois que um autor do século V (o Pseudo Dionísio) colocou seus escritos místicos sob o seu nome. Foi também identificado com São Dionísio, primeiro Bispo de Paris (séc. III).
Leitor amigo, agora pergunto: Todos nós conhecemos e adoramos "o Deus desconhecido" apresentado pelo Apóstolo Paulo no Aereópago de Atenas, na Grécia?



