O Brasil se encontra em um momento crítico da sua trajetória. Por um lado, várias boas notícias. Somos a sexta economia do mundo, uma potência em desenvolvimento com características que nos tornam, segundo alguns analistas, a opção mais confiável mesmo entre os Brics. Por outro lado, ainda mantemos algumas características que nos vinculam a um passado arcaico, comprometendo diretamente a competitividade de nossos produtos e serviços.

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Em apenas dois anos, caímos oito posições no ranking de competitividade global, indo da 38.ª para a 46.ª colocação. As principais causas para esse anacronismo são a educação e o desenvolvimento do nosso povo. A cada ano, no Brasil, milhões de jovens ingressam em um mercado de trabalho cada vez mais representativo no cenário internacional. Entretanto, encontrar pessoas com as competências requeridas para ocupar as vagas disponíveis vem sendo um grande desafio para as organizações. Em uma pesquisa que envolveu quase 40 mil empresas em 39 países e territórios, foi constatado que um em cada três empregadores encontra dificuldades no preenchimento de cargos. No Brasil, a situação é ainda mais alarmante: 57% das companhias têm esse problema.

Alguns sinais indicam melhorias recentes nesse quadro da educação no país. De acordo com os dados do Ideb divulgados recentemente, o Brasil superou as metas projetadas pelo MEC para 2011 em todo o ensino fundamental e igualou a meta proposta para o ensino médio. Embora os resultados individuais para municípios e escolas tenham sido bastante desiguais, chama atenção a redução da diferença na avaliação entre instituições de ensino particulares e públicas. O abismo ainda persiste, mas os números mostram que as escolas particulares registraram queda em alguns estados, como o Rio de Janeiro, enquanto houve uma ligeira melhora nas escolas públicas em geral.

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Enquanto a educação permanece insuficiente, a necessidade por pessoas qualificadas avança, já que os problemas se tornam mais complexos. O Brasil conseguirá se tornar um país globalmente competitivo? A forma como educamos é condizente com a complexidade destes problemas? Nossa educação só irá melhorar com um intenso investimento na atualização e formação de professores. E, para isso, temos uma oportunidade única. As novas metodologias de aprendizagem e tecnologias educacionais de ponta podem permitir uma revolução educacional, com o desenvolvimento contínuo e consistente de nossos heróis da educação.

A inserção de novas tecnologias no ensino passa por dois pressupostos básicos. O primeiro é de que o universo transmidiático vem englobando as novas gerações, impulsionado pela afinidade natural que os jovens têm pelo novo e pelo aumento do poder aquisitivo na base da pirâmide. O segundo é diretamente ligado à forma como aprendemos e como as tecnologias, integradas a diferentes metodologias, podem impulsionar esse processo. Aprendizado social, jogos e storytelling são apenas alguns exemplos de como podemos tornar o aprendizado participativo, engajador e memorável. Assim, os professores atuarão como mediadores da aprendizagem, conduzindo os alunos nesse processo e estimulando o prazer pela busca do desenvolvimento pessoal.

É preciso dar passos largos e rápidos em direção a uma educação engajadora. Para isso, é necessário investir em uma formação de professores que busque envolvê-los no processo educacional como agentes de transformação.

Daniel Orlean é diretor da Affero, empresa de educação corporativa. Eduardo Dantas é consultor de negócios da Affero.