É praticamente consensual a interpretação de que, durante apreciável intervalo de tempo da década passada, o território paranaense foi rigorosamente varrido do mapa de investidores potenciais, conformando uma autêntica demanda represada por empreendimentos capazes de promover a continuidade do processo de diversificação da base econômica estadual, plantado no segundo quinquênio dos anos 1990.
A peculiaridade de quase perene bloqueio à concretização da intenção e programação de aporte de recursos produtivos privados no Paraná, particularmente entre 2003 e 2010, torna-se mais evidente quando se observa, em caráter preliminar, a trajetória do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), proxy do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), calculado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), com periodicidade anual e abrangência nacional, estadual e municipal, a partir das bases de dados dos Ministérios do Trabalho e Emprego, Educação e Saúde.
Essa estatística permite a representação de uma imagem sintética do grau de desenvolvimento econômico e social dos estados e municípios brasileiros, ou até do potencial de mercado ou de fatores de produção de cada um deles, por reunir desempenhos dinâmicos das variáveis emprego, renda, saúde e educação. A métrica do parâmetro geral varia entre zero e um, sendo a unidade geográfica tida como de moderado desenvolvimento quando o indicador situar-se na faixa compreendida entre 0,6001 e 0,8, e de status nobre se o índice romper a barreira de 0,8.
Por esses critérios, em 2010 o Paraná apareceu como a segunda unidade geográfica mais desenvolvida do País (0,8427), atrás apenas de São Paulo (0,8940). Se no ano de 2000 (0,6522) o estado estava em quarto lugar, atrás de São Paulo, Distrito Federal e Rio de Janeiro, em 2005 (0,8035) já emergia no segundo posto, em razão, primordialmente, da maturação plena dos vultosos e diversificados investimentos públicos e privados definidos e efetuados na segunda parte do decênio antecedente.
Além disso, em 2010, 387 (97%) dos 399 municípios paranaenses exibiam grau de desenvolvimento de moderado para cima, sendo 27 deles (6,5%) avaliados como de alto desenvolvimento, puxados não somente por atividades com comportamentos tipicamente urbano-industriais, mas também pela larga presença e operação do agronegócio e por retaguardas em ciência e tecnologia impregnadas particularmente nas universidades e faculdades estaduais e em outros centros de pesquisa. Os destaques couberam a Curitiba, Londrina, Maringá e Araucária, que, inclusive, integravam a lista dos 55 maiores IFDMs da nação.
Com índice de 0,9024, Curitiba ocupou a dianteira no estado e entre as capitais brasileiras (25.º maior índice do país) em 2010, por conta especialmente da impulsão dos vetores saúde, emprego e renda. Lembre-se aqui que, em 2000, Curitiba era a terceira capital mais desenvolvida (0,7386), perdendo para Brasília e Vitória, e a 165.ª cidade mais importante no contexto nacional. Em 2005 (0,8510), a capital paranaense já estava no pico, sobressaindo como o 72.º município no certame nacional de graduação de desenvolvimento, graças aos pronunciados investimentos em capital social básico.
Gilmar Mendes Lourenço, economista, é diretor-presidente do Ipardes e professor da FAE.
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