O editorial “O porte de drogas em análise no STF” (Gazeta, 20/8) faz uma análise clara sobre o tema – mais do que polêmico – da descriminalização das drogas. Aqueles que defendem a medida já fizeram um estudo aprofundado do impacto dela na saúde pública, principalmente no que tange à área da saúde mental? Não há leitos e estrutura nem para atender a demanda atual. Não vou entrar na seara dos malefícios da droga à saúde do indivíduo, mas quem utiliza o argumento de que se está ferindo o direito do princípio da “intimidade” e que o uso de droga “não constitui dano aos demais indivíduos” nunca auxiliou uma família devastada pelo uso de entorpecentes.
Descriminalização das drogas 2
O Brasil é um dos últimos países da América a tratar da descriminalização de drogas. Em praticamente todas as nações o usuário tem um tratamento diferente do traficante. No Uruguai, houve a legalização da venda de drogas com a sistemática presença do Estado e lá a criminalidade em relação aos entorpecentes está zerada. A partir do momento em que se descriminalizar a posse de drogas para uso pessoal, o usuário deixará de ser tratado como marginal – o que dificulta o tratamento e a sua inserção na sociedade. Apesar do atraso, a descriminalização deve ser aprovada no STF.
Descriminalização das drogas 3
É uma vergonha o país presenciar um julgamento sobre o porte de drogas. Advogados favoráveis à descriminalização argumentam que a posse de entorpecentes para consumo próprio não terá impacto sobre a rede pública de saúde e que não causa efeitos a terceiros. Mas ficam algumas perguntas: quem vai fiscalizar esse uso? Como será possível saber se o portador da droga é um dependente ou um intermediário do tráfico.
Descriminalização das drogas 4
A única medida capaz de acabar de vez com o tráfico de drogas é a legalização. No momento, o Supremo está discutindo – e por consequência a sociedade – apenas a descriminalização. É um primeiro passo para tratar o assunto de forma mais sensata.
CUT
Os arroubos do presidente da CUT, Vagner Freitas, e de outros que conclamaram os movimentos sociais a irem às ruas “de arma na mão” para defender o mandato da presidente Dilma Rousseff representam um perigoso precedente. Por mais comprometido que possa estar com a manutenção da governante, o sindicalista e o líder de movimentos não poderiam incitar a violência e o confronto entre os brasileiros. Também não devem afrontar explicitamente o Estatuto do Desarmamento e os esforços que a sociedade e os órgãos de segurança têm empreendido para desarmar a população. Independente da posição em que estejam, as lideranças desse país têm o dever de trabalhar pela paz. Não interessa a ninguém incitar a população seja para defender ou afastar um governo. O máximo que se pode pedir ao povo é sua manifestação pacífica contra ou a favor. Está na hora de dizer não aos radicais e permitir que a sociedade e o governo resolvam seus problemas com o uso exclusivo dos instrumentos da democracia.
Ministérios
Não posso concordar com Marcos Mendes, consultor legislativo do Senado, quando diz que a extinção de ministérios não irá fazer “nem cócegas” nas contas públicas (Gazeta, 16/8). Se formos olhar pelo lado psicológico, isto é, a repercussão que dará na sociedade, fará a diferença, sim. Que tal aproveitar e também diminuir os cargos comissionados? Podem ter certeza que vai fazer cócegas.
Eduardo Cunha 1
Enquanto o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, parece afundar no mar de lama descoberto pela Operação Lava Jato; Renan Calheiros, presidente do Senado, navega tranquilo sobre uma boia em formato de pizza. Essa é a política brasileira.
Eduardo Cunha 2
O encaminhamento ao STF da denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deveria servir para que muitos integrantes da oposição fizessem uma reflexão. Denúncia não é sentença. E todo acusado tem o direito de tentar provar sua inocência. Na minha opinião, não é válida a tentativa de afastá-lo do cargo até que seja julgado e condenado. Espero que Cunha também tenha a coerência para refletir sobre seu comportamento em relação à presidente da República.
Ousadia 1
Só vejo pessoas reclamando. Foi exatamente isso que a ministra Cármen Lúcia, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), quis dizer quando afirmou que “nós, brasileiros, precisamos assumir a ousadia que os canalhas têm”. Nós temos que parar de reclamar e agir, ousar. E isso significa começar mudando a própria atitude: não fure filas e exija que ninguém o faça, não avance o sinal vermelho, não assedie as mulheres nos ônibus e não deixe que ninguém adote esse comportamento. A ousadia é fazer a sua própria parte e denunciar quem não está fazendo. Para melhorar a vida, temos de mudar o povo.
Ousadia 2
Temos de mudar de atitude. A partir de agora não vamos reeleger mais ninguém. Seja o governante bom ou ruim, precisamos de novas lideranças. Quem já está lá, deve sair. Precisamos exigir dos partidos novos nomes e que eles saibam que não votaremos em quem tem cargo político.
Pianos Schneider
Não sei se essa era a intenção do colunista José Carlos Fernandes, mas cheguei a ficar com os olhos marejados ao ler o texto “Acervo n.º 5: a Fábrica de Pianos Schneider” (Gazeta, 21/8). Pessoas nobres como Caetano Primo Trevisan se tornaram tão raras como os pianos acústicos. Tenho um em minha casa e não troco por nada neste mundo. A música, que deveria fazer parte da cultura geral, se banalizou.
Solidariedade
Linda a atitude registrada na matéria “Brincadeira de crianças vira corrente do bem” (Gazeta, 20/8). Os meninos mostraram que sabem o quanto custa os itens escritos no cartaz. Eles também demonstraram vontade de ajudar e solidariedade por alguém que sequer conheciam. Essa singeleza e pureza dos corações das crianças prova que esse mundo ainda tem jeito.
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