Quando acaba o ano, recordamos das pessoas que nos deixaram ao longo desses 12 meses. Recordo, por exemplo, a irmã Isabella Lomuscio, Apóstola do Sagrado Coração de Jesus, minha benfeitora e amiga, que datilografou minhas cartas, artigos, discursos e sermões por 40 anos; meu parente Valentim Fedalto; quatro irmãos no episcopado, meus conhecidos – dom José Rodrigues de Souza, dom Luiz D’Adrea, dom José Folarosso e dom Hélio Gonçalves Heleno. Mas hoje quero falar do padre Manuel Correa, espanhol do Opus Dei, nascido em 9 de outubro de 1929, ordenado presbítero em 14 de agosto de 1960 e que faleceu em 3 de maio deste ano.

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O padre Correa veio para o Brasil em 1962, e para Curitiba em 1976. Fui eu que, como arcebispo, o recebi em nossa cidade. Naquele mesmo ano, um fato ligou nossas vidas: em 5 de agosto de 1976, ocorreu um gravíssimo acidente automobilístico perto do Rio Pomba, em São Luís do Purunã; milagrosamente salvaram-se os cinco passageiros – entre os quais eu, ferido gravemente. Recém-chegado a Curitiba, o padre Correa, que também era médico, visitava-me quase diariamente. Depois o escolhi como meu diretor espiritual até sua grave enfermidade. Ainda pouco antes de sua morte, fui confessar-me no Hospital Nossa Senhora das Graças; e, na véspera de sua morte, fui eu a dar-lhe a absolvição.

Foi um diretor espiritual sábio, disponível, sempre alegre, atendendo a milhares de dirigidos, incutindo-lhes sempre ânimo, confiança e esperança, com seus conselhos fundamentados nos ensinamentos de Jesus Cristo. Seus dirigidos sempre saíam confortados e animados, nunca tristes, pessimistas ou derrotados.

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O padre Manuel Correa foi sacerdote de profunda fé e intensa vida espiritual. Diariamente, era o primeiro a estar na capela, tendo já rezado a Liturgia das Leituras e feito a meditação, antes da oração de Laudes da comunidade.

Era um homem determinado. Não voltava atrás em suas decisões e não deixava para mais tarde o que decidia. Seus projetos deviam ser executados logo. Assim surgiram as três comunidades do Opus Dei em Curitiba, duas masculinas e uma feminina. Idealizou a construção de uma ampla casa na Colônia Murici, em São José dos Pinhais, para retiros espirituais e cursos de formação com escola profissionalizante de moças para trabalhar na rede hoteleira.

O trabalho do padre Correa, como na parábola dos Evangelhos, deu fruto. Hoje, em Curitiba, quatro sacerdotes atendem a tantos dirigidos espirituais e numerosos leigos pertencentes ao Opus Dei, fundado em 1928 por são Josemaría Escrivá e hoje difundido em mais de 60 países, com quase 2 mil sacerdotes e 85 mil leigos.

O padre Correa faleceu após longa doença; morreu da mesma forma como viveu, suportando o câncer com espírito de fé e grande amor a Deus e aos seus milhares de dirigidos, aceitando serena e alegremente a morte, com bom humor, edificando a todos que se aproximassem dele. Um exemplo de sacerdote que fará muita falta.

Dom Pedro Fedalto é arcebispo emérito de Curitiba.

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