Cumprindo seu papel institucional de interpretar anseios e preocupações da classe empresarial, a Associação Comercial do Paraná (ACP) sente-se estimulada a participar do debate suscitado pela queda do então presidente Fernando Lugo, da vizinha República do Paraguai, e sua substituição pelo vice-presidente Federico Franco, que exercerá o poder até o próximo ano, quando o país terá novas eleições gerais.
Dentre as causas que nos fazem olhar com a atenção devida a atual conjuntura política da nação amiga ressaltamos a linha fronteiriça entre o Paraná e o Paraguai, que, ao contrário da separação dos povos de ambos os territórios, tem servido historicamente como fator de integração e atração de interesses socioeconômicos bilaterais. Ainda está recente a missão empresarial paranaense liderada pela ACP, que, em visita a Assunção, efetuou vários contatos com autoridades e empresários paraguaios, dos quais frutificaram tanto o fortalecimento quanto a implantação de novos investimentos e negócios no país vizinho. Da mesma forma, a instituição tem procurado facilitar a vinda de empresários do Paraguai para a troca de ideias e propostas de oxigenação do ambiente de negócios entre ambos os países.
É por esta razão exponencial que a contingência deve alertar as autoridades federais brasileiras a tomarem atitudes ditadas pelo bom senso e respeito à soberania da nação amiga, seguidos os parâmetros do Direito Internacional, no reconhecimento formal do novo governo. O pleito é legitimado pelo êxito do esforço de estimular empresários paranaenses a se estabelecer no Paraguai. É, portanto, cabível pedir ao governo brasileiro que aja pelos canais diplomáticos a fim de garantir a salvaguarda dos investimentos e a proteção aos empreendedores e produtores rurais que lá estão. Isso equivale a dizer que os empresários brasileiros estabelecidos no Paraguai aguardam com tranquilidade o efetivo cumprimento dos contratos, condição sem a qual será quase improvável para muitos o prosseguimento das atividades.
Nas atuais circunstâncias, não seria demasiado propor também ao governo brasileiro um esforço no sentido da retomada do protagonismo já exercido no cenário sul-americano, sobretudo em uma conjuntura na qual a sombra da contaminação ideológica se espalha perigosamente pela região.
Não queremos entrar no mérito do afastamento do ex-presidente Fernando Lugo, questão resolvida pelo Congresso paraguaio em menos de 24 horas, levando muitos a falar em "golpe"; mas deve-se ressalvar a bem da verdade que o processo foi conduzido segundo dispositivos inscritos na Constituição, e a mais elevada instância do Judiciário (equivalente ao nosso Supremo Tribunal Federal) não julgou necessário emitir o mínimo reparo ao comportamento dos congressistas.
Repetimos que o contexto é oportuno para que, sem se deixar seduzir por interferências internas ou externas, o Brasil se apresente como reconhecido líder na América do Sul, continuando o Itamaraty a ser um marco na condução da diplomacia responsável, conforme o paradigma de política externa abrangente e unificadora, alcançado pelo Barão do Rio Branco.
Essa análise se justifica pelo papel desempenhado pela ACP, ao longo da história, na difusão e colaboração ao incremento comercial entre empresários brasileiros e estrangeiros, como no caso do Paraguai, beneficiando de alguma forma, direta ou indiretamente, o estado do Paraná.
Edson José Ramon é presidente da Associação Comercial do Paraná.
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