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A expectativa de aumento do PIB (em torno de 1%) frustrou a esperança de crescimento significativo para o Brasil em 2012.

Contudo, 2013 começa com um ambiente macroeconômico favorável, com taxas mais baixas de câmbio e juros e medidas de redução de custos anunciadas pelo governo, tais como a transferência de contribuições sociais sobre a folha e redução das tarifas de energia. Esses fatores, no entanto, indicam otimismo cauteloso em relação ao desempenho da economia no próximo ano.

O Estado brasileiro tem se tornado especialista em abrir mão de ferramentas que atacam entraves conjunturais ao crescimento, optando por medidas de mero rearranjo orçamentário do governo federal, seja por renúncia fiscal compensada em outras áreas, seja pela renúncia de rendas de suas estatais.

O governo desprezou, porém, o ataque a entraves estruturais que impedem o crescimento. O balanço das intervenções é que o Brasil viu a produtividade estagnar nos últimos anos – o que é senso comum –, ao passo que os custos de produção aumentaram e solaparam as margens de contribuição das atividades produtivas.

Tais problemas são sintomáticos da atual situação estrutural: dentre os países emergentes, o Brasil é o que tem a menor taxa de investimento, além de burocracia excessiva e regulação de baixa qualidade.

O ponto nevrálgico continua sendo a educação. Os problemas são diversos, e um dos principais foi criado pela recente democratização do acesso ao ensino superior. Embora de valor intrínseco inegável, tal avanço gera um impasse quando confrontado com a realidade do mercado de trabalho.

As matrículas no ensino superior dobraram entre 2001 e 2010. O crescimento do número de empregos para advogados, dentistas, arquitetos e veterinários, por sua vez, obedece à lógica do crescimento econômico (o PIB cresceu 42% no período citado), tornando óbvia a defasagem entre a esperança de quem ingressa no ensino superior e a realidade encarada pelos que concluíram o ciclo ao chegar ao mundo do trabalho.

Por outro lado, a dessincronização dos incentivos criados pela política creditícia oficial leva a distorções. O Paraná teve, entre 2006 e 2011, crescimento de 67,5% da remuneração média mensal da construção civil, impulsionado pelo estímulo desmesurado ao setor criado pelo governo federal via crédito para habitação. Na comparação, o setor de serviços cresceu 52,46% e o comércio registrou crescimento de 58,2%. Esses números levam a uma conclusão enganosa, induzindo a pensar que quem sai da faculdade diplomado encontra o mercado aquecido, com emprego fácil, o que não é verdade, pois esse mercado acolhe preferencialmente os que optaram pela formação técnica. Essa é uma agravante, pois distorce a alocação de recursos produtivos da economia. Afinal, quais os ganhos socioeconômicos decorrentes da custosa formação superior de tantos indivíduos que depois vão ser empregados em setores que subutilizam a sua capacidade?

Enquanto não contarmos com um sistema educacional minimamente ajustado para garantir à população condições de inserção no mercado de trabalho nacional e mundial, a produtividade continuará estagnada. Se os custos de produção, por sua vez, continuarem aumentando, isso se traduzirá no aprofundamento da perda de competitividade. É possível virar esse jogo, mas com muita vontade política daqueles que detêm o poder no país.

Edson José Ramon é presidente da Associação Comercial do Paraná.

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