O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística acaba de comprovar, mais uma vez, que o Brasil está melhorando. A divulgação na semana que passou da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), versão de 2004, indica a conquista de consideráveis avanços no campo social relativamente aos anos anteriores, embora contenha também resultados que se constituem em importantes alertas para a necessidade de correções de rumo e de medidas preventivas.
Examinemos as boas notícias reveladas pela Pnad. O nível de instrução das mulheres que trabalhavam continuou maior que o dos homens. Menos de 3% dos jovens de 7 a 14 anos encontravam-se fora da escola em 2004. De 2003 para 2004, cresceu em mais de 50% o número de domicílios que tinham exclusivamente o telefone celular, e em 11% o daqueles onde havia computadores conectados à internet. As pessoas com 60 anos ou mais já representavam quase 10% da população do país, e 46,5% dos trabalhadores tinham cobertura previdenciária. Outra boa notícia: o porcentual de pessoas ocupadas na população em idade ativa chegou a 56,3% e foi o mais alto desde 1996. O aumento foi de 3,3% ou mais 2,7 milhões de pessoas em relação a 2003 e representou mais que o dobro do ocorrido de 2002 para 2003 (1,5%).
Houve também melhoras significativas, embora ainda inferiores às desejáveis, no que diz respeito ao acesso à luz elétrica, água tratada, esgoto sanitário, condições de moradia, utilização de freezers e geladeiras e a outros benefícios graças, entre outras razões, à constatação de um outro indicador relevante: cresceu a renda das camadas mais pobres da população.
Muitos dos progressos na qualidade de vida são inéditos na história recente do país e explicam outro fenômeno da mais alta importância: o aumento da longevidade do brasileiro. No estudo Tábua da Vida/2004, o IBGE demonstrou que a expectativa de vida cresceu 9,1 anos desde 1980, atingindo agora 71,7 anos. Em 1980, a expectativa era de 62,6 anos. O Distrito Federal ocupa o primeiro lugar, com esperança de 74,6 anos, no ranking dos estados com as maiores expectativas de vida, dentre os quais se inclui o Paraná, onde o indicador chega a 73 anos.
Dado o resumo das boas notícias, dele emergem alguns alertas às autoridades e à sociedade em geral para a obrigatoriedade de buscar soluções de médio e longo prazos. Por exemplo: o envelhecimento da população tende, cada vez mais, a pressionar o sistema previdenciário e os serviços de saúde. Grupos mais numerosos de inativos passarão a depender da contribuição previdenciária de parcelas menores de trabalhadores da ativa, assim como se prevê também uma demanda crescente sobre os ainda muito precários serviços públicos de saúde.
O corolário da análise desses dados traduz-se na observação de que, embora sejam muitas e importantes as conquistas obtidas nos últimos anos, há desafios que requerem, mais do que nunca, muita dedicação dos administradores públicos e legisladores no sentido de garantir ao país as reformas modernizadoras pelas quais tanto luta a sociedade.
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