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Nos próximos dias se completa um aniversário, intensamenteevocado pela Igreja. Trata-se dos 40 anos da conclusão do Concílio Vaticano Segundo. Sua última sessão de trabalho foi a 7 de dezembro de 1965, sendo que no dia 8 foi realizada uma celebração pública, na Praça de São Pedro, concluindo oficialmente o Concílio, e entregando simbolicamente os 16 documentos aprovados ao longo dos quatro anos de sua duração. Da parte da Igreja houve uma clara intenção de valorizar este evento. Para tanto, foi convocado um Sínodo sobre a Eucaristia, solenizado por um "Ano Eucarístico". Tudo em vista da celebração dos 40 anos da conclusão do Concílio Vaticano Segundo. Esta insistência em lembrar o Concílio se justifica, em primeiro lugar, pela evidente importância que teve esse acontecimento, que se destaca, sem sombra de dúvida, como o maior da Igreja no século XX, e como um dos eventos mundiais mais significativos nesse mesmo período da história, pelos desdobramentos que teve e pelo simbolismo histórico de que se revestiu. A insistência denota também uma preocupação da Igreja, paraque se continue a valorizar as orientações emanadas do Concílio, e que se encontram nos documentos aprovados, todos eles convergindo para explicitar a natureza e a missão da Igreja neste mundo, assuntos que se constituíram em tema central deste Concílio. Mas é forçoso observar que esta insistência não deixa, ao mesmo tempo, de revelar uma apreensão de que este evento estejaperdendo força, e que sua influência já esteja diminuindo, ou sendo ignorada, ou até mesmo contrariada por muita gente na Igreja de hoje. Daí a pergunta que se esconde por trás da celebração dos 40 anos, número que traz inclusive o simbolismo da passagem de uma geração para outra: o concílio ainda continua, ou está na hora de pensar em outro?

A resposta é complexa, e necessita de ponderações equilibradas. Pois a realização de um concílio implica um vasto processo de envolvimento de toda a Igreja, que precisa ser preparado, e quedepende de muitos fatores para encontrar a indispensável receptividade para o seu desencadeamento. Em primeiro lugar, importa distinguir entre a validade dos documentos aprovados pelo Vaticano Segundo, que é permanente, e o influxo do evento que tem sua duração condicionada por fatores diversos, e que fatalmente vai se esgotando com o correr do tempo. A validade de um evento depende da intensidade com que é acolhido. Não há dúvida que o Vaticano Segundo teve uma calorosa recepção, desde o momento em que foi anunciado por João XXIII, a 25 de janeiro de 1959. Foi o entusiasmo suscitado por seu anúncio que, de resto, viabilizou a sua realização.

O "concílio do Papa João" se apresentou com uma larguezaimpressionante de propósitos. Anunciado na conclusão da "semana de orações pela unidade dos cristãos", foi logo entendido como um gesto de aproximação com as outras Igrejas, que logo despertou entusiasmo no mundo inteiro.

A generosa intenção de renovar a Igreja à luz do Evangelho, superandodesavenças históricas, angariou logo a simpatia de todos e despertou grandes esperanças de diálogo. A decisão de realizar um concílio sem condenações, sem "anátemas", foilogo atraindo a confiança também das pessoas que não se sentiam identificadas com a instituição eclesial. A vontade de reconciliação com o mundo moderno despertou o interesse e acolaboração de muitas pessoas que logo perceberam no concílio um alcance muito além das fronteiras da Igreja. E quando se firmou, no seu documento central, o reconhecimento do caráter colegial do episcopado, parecia ter se encontrado o caminho para a descentralização da Igreja, conciliando unidade com sadia diversidade eclesial.

Para conferir em que medida o Vaticano Segundo ainda possui validade, como evento a influenciar a dinâmica da história, éconveniente confrontar as esperanças suscitadas por sua realização, com o clima vivido hoje na Igreja. A conclusão fica por conta das constatações que puderem ser feitas.

(www.diocesedejales.org.br)

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