Os comportamentos e a tomada de decisões das pessoas são as principais causas tanto do bem comum, da paz e da harmonia social, quanto das desgraças mundiais. Nessas últimas, inclui-se a degeneração das condições de vida dos seres vivos. Ao olhar para o que está acontecendo nos quadrantes do planeta, sinto necessidade e urgência de uma mobilização geral em defesa da vida, em todas as suas formas, da dignidade humana e do amor a Deus e ao próximo. A juventude universitária e todos os cidadãos estão convocados para esta nova cruzada. O envolvimento da universidade é necessário até mesmo para prevenir os estragos que o pseudoprogresso e a própria tecnologia, com freqüência mal utilizada, vêm produzindo.

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Ao refletir sobre a pergunta do título, quem é mais importante: a pessoa ou a natureza? O consagrado poeta Byron demonstrou alguma hesitação, quando escreveu: "Não amo menos o homem, porém mais amo a natureza."

Talvez, por reconhecer no homem o agressor, e, na natureza, a parte mais frágil, sempre a agredida. Mas o que seria da natureza sem a presença do ser humano? Ele é parte integrante da natureza e, de longe, a sua maior maravilha, pela simples razão de ter sido criado à imagem e semelhança do próprio Deus.

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à medida que tomamos consciência de nossa pertinência com o cosmo, temos que aliar desenvolvimento social com a ação ambiental, demonstrar viabilidade de um compromisso concomitante e indissociável com a promoção da pessoa e defesa do meio ambiente, consagrar princípios humanistas com enfoque holístico e participativo. É crescente o reconhecimento da interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade, e a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais.

Como fomentadoras da ciência, da tecnologia e da educação, as universidades podem contribuir e facilitar respostas para muitos problemas da atualidade, que vão desde a poluição, a devastação da natureza, os fenômenos equivocados da globalização econômica e os deslocamentos culturais, sociais e econômicos. No campo da extensão, as Instituições de Ensino Superior podem tanto executar trabalhos que de assistência social para populações menos favorecidas e, às vezes, até excluídas da sociedade, como interferir em ambientes e comunidades para agilizar a transformação, o desenvolvimento e a educação das pessoas. Na sua origem, a universidade possuía vocação para o serviço na comunidade. A palavra comunidade (comum unidade) é significativa e traz implicações importantes para a qualidade de vida na Terra.

Ao receber o Prêmio Nobel da Paz, Dalai Lama assinalou: "O importante é que cada ser humano faça esforço sincero para levar a sério a sua responsabilidade para com o outro e para com o ambiente." O líder espiritual faz um oportuno apelo ao cultivo da responsabilidade universal, uma vez que, a bem da verdade, não nos sobra outra alternativa de escolha.

As nações e os seres humanos estão se tornando cada vez mais interdependentes. Ou nos salvaremos todos juntos, ou pereceremos todos juntos. Em outra circunstância, observou: "A decisão de salvar o meio ambiente deve brotar do coração do homem". E insistiu: "Clamemos a todos que desenvolvam um senso de responsabilidade universal fundamentado no amor, na compaixão e na clareza de consciência." (A policy of kindness,1990).

O desenvolvimento social e o progresso econômico não são presentes de Deus, mas valorosas conquistas do trabalho, do estudo, dos avanços técnicos e científicos, da criatividade, do bom senso e, principalmente, do amor que temos pelo Criador e pelas suas criaturas. Por meio do trabalho, é possível conquistar todas as coisas, ensina Homero. A qualificação da mão-de-obra e a aprendizagem não estão mais associadas unicamente às escolas.

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A educação assumiu dimensão mais ampla: a de dar suporte às pessoas para a aprendizagem ao longo da vida de um conhecimento sempre em renovação.

Durante a Eco 1992, Conferência Mundial das Nações Unidas, realizada no Rio de Janeiro, Gorbachev alertou: "Se não mudarmos nosso comportamento, a natureza poderá viver sem nós." Bem sabemos que esta hipótese não é de todo improvável.

Como desapareceram os dinossauros, também os humanos, se teimarem em continuar destruidores, poderão desaparecer.

Clemente Ivo Juliatto é educador marista, reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e integrante da Academia Paranaense de Letras.