A Selic está fixada em 7,5%. A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) foi reduzida em junho para 5,5%. O financiamento de máquinas e equipamentos, a 2,5%. Há liquidez no mercado e, ainda, medidas para reduzir o custo de produção. Mas só isso não é suficiente. Precisamos de mais.
O Paraná está crescendo acima da média nacional. Os empreendedores estão investindo e acreditando na economia do estado. As perspectivas de investimento continuam altas. O campo, apesar das dificuldades deste último ano-safra, continua puxando as cifras para cima. E o varejo tem respondido com crescimento nas vendas e novos investimentos. Outro dado interessante: o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), o único do gênero atuando no Paraná com empresas de todos os portes, destinou 56% de todo o volume de crédito concedido na Região Sul para sua agência paranaense.
Então, o que está faltando? Uma cobrança mais firme pela redução de spreads e maior queda da TJLP. Explica-se: com a Selic a 7,5%, o governo federal pôde subsidiar ainda mais a taxa do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), estabelecendo-a em 2,5%. Embora seja um grande estímulo para o crescimento pontual da indústria de bens de capital, essa taxa limita-se a parte dos investimentos necessários para impulsionar qualquer negócio. Financiamentos para investimentos em estruturas, instalações, utensílios e ferramentais possuem custo financeiro até quatro vezes maior que o do aportado em maquinário. Além disso, a taxa de 2,5% só se aplica a novos contratos, não atingindo quem já investiu e está arcando com um custo financeiro elevado.
Para derrubar o custo de produção das empresas reduzindo despesas financeiras sobre investimentos já realizados, o governo federal já poderia baixar a TJLP para 4,5% ao ano. E, para reduzir o custo financeiro de novos contratos para financiamento dos demais itens de investimentos citados acima, o governo federal tem de cortar os spreads do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). É uma discussão importante, que ainda nem começou.
Quando qualquer empresa busca financiamentos do Sistema BNDES, a operação é contratada com base na TJLP, com a adição do spread de risco, do spread que o banco cobra pelo risco do agente financeiro, e de mais um spread a título de remuneração do BNDES.
Esse último spread varia de acordo com o setor e vai de 0,9% a 3,3%. O segmento que paga mais caro é o de comércio e serviços, especialmente quando a empresa fatura mais de R$ 90 milhões por ano. Visto que tal setor é responsável pelas vendas da produção das indústrias no mercado interno, o custo adicional encarece toda a cadeia.
Entidades representativas e empreendedores precisam cobrar do BNDES a urgente redução dos spreads, igualando as condições para todos os segmentos da economia. Se a TJLP for reduzida para 4,5% ao ano e o custo de todos os setores cair com o spread do BNDES valendo 0,5% anuais, o custo do financiamento de longo prazo pode ser reduzido em até 3,8% ao ano, proporcionando maior competitividade para toda a atividade produtiva do país.
Carlos Areton Azzolin Olson, contador e bacharel em Ciências Econômicas, é superintendente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) no Paraná. Paulo Cesar Starke Junior, contador e mestre em Finanças, é gerente de Operações do BRDE no Paraná.