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Cabeleireiros, esteticistas e manicures exercem ofícios manuais que figuram entre os mais antigos do mundo, hoje reconhecidos como profissões, exercidas na grande maioria por profissionais autônomos de talento ímpar. São pessoas muitas vezes de origem humilde, mas com garra suficiente para mudar seu destino.

Achados arqueológicos, como pentes e navalhas feitos de pedra, mostram que desde a Pré-História existe a maravilhosa profissão de cuidar da beleza do outro. Há 5 mil anos, no Antigo Egito, rainhas e faraós já utilizavam desses serviços. Em 1902, Helena Rubinstein abriu o primeiro salão de beleza do mundo em Melbourne, na Austrália.

Esse breve resumo demonstra o valor e a importância desses profissionais para a sociedade – desde que o mundo é mundo, a aparência é fruto de cuidado e esmero por parte do homem. A evolução histórica da profissão permitiu que, aos poucos, esse exército de cuidadores da beleza saísse dos salões improvisados, tornando-se profissionais valorizados por seu talento. Cabeleireiros, maquiadores, esteticistas e manicures ganharam vitrine nos grandes e médios salões, o que lhes permitiu dar vazão ao seu talento e receber um valor digno por isso. É essa relação, firmada por contrato de locação de espaço e que permite ao profissional receber entre 50% e 80% do valor de cada serviço, que está em risco por uma ação do Ministério Público do Trabalho.

A parceria de profissionais autônomos com os grandes e médios salões de beleza vai além da questão financeira e cumpre um papel na sociedade. Este é um ambiente que oportuniza o desenvolvimento de talentos da beleza, que estão em contato com uma grande massa de consumidores, que por sua vez encontra a infraestrutura desejável para atendimento. E essa parceria, chancelada por uma sociedade de consumo madura, seria impossível em um pequeno salão improvisado de fundo de quintal. Indústrias internacionais investem milhões em pesquisas porque sabem que existe um profissional capacitado, muito próximo ao consumidor final, que tem a capacidade de qualificar seu produto com habilidade, talento e mão de obra especializada.

O desenvolvimento das profissões ligadas à beleza permitiu que esses profissionais evoluíssem também do ponto de vista financeiro, investissem em sua formação intelectual e, consequentemente, dessem condições de vida melhores aos seus familiares. Colocá-los, então, na condição de assalariados seria um retrocesso na história da profissão da beleza. Necessário seria o apoio da população em favor da liberdade de esse profissional exercer sua autonomia, neste momento em que tentam obrigá-lo a mudar o rumo da sua história.

Sandoval Tibúrcio, cabeleireiro, é presidente Sindicato dos Profissionais Autônomos da Beleza do Estado do Paraná (Spabep).

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